terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sugarfree

Aviso: estamos no meio de uma epidemia. Estão todos namorando. Avisem a segurança nacional, fechem os aeroportos, façam um estoque de doritos em casa e só saiam sob minha segunda ordem.
Nessa época do ano é que pode-se perceber melhor a dimensão que esse delírio conseguiu atingir. Sim, delírio, observem bem as vitrines das lojas e verão que estou certa. Para mim fica ainda mais evidente por um simples motivo: eu sou imune à essa doença. Pois é, pego qualquer gripezinha que vem com as mudanças de temperatura, mas quando se trata da pandemia que se alastrou mais rápido pelos 5 continentes eu, surpreendentemente, não mostro nem um sinal de abatimento.
Minha família ainda não conseguiu se acostumar com minha imunidade exagerada, para eles essa doença é bem válida. É como antigamente que os pais faziam as crianças pegarem catapora quando ainda eram bem pequenas pra não correrem riscos de adquirirem a forma mais grave da doença quando mais velhas, lembram? Eu fui criada numa infância onde era bom pegar catapora, do mesmo jeito que vivo numa juventude em que é bom pegar namoro.
Sim, seria ótimo sair dos holofotes dos almoços de família e não receber olhares de pena de gente mais encalhada que eu, mas, se eu conheço bem meu sistema imunológico, não vejo isso acontecendo num futuro próximo.
Eu só fico chateada pelo meu pai. Não, eu fico chateada por mim também, mas é que ele tinha tanto potencial de ciúmes para gastar comigo e eu não dei nem uma vez esse gostinho pra ele, sabe. Bom, claro que se ele soubesse da minha vida fora do mundo convencional dos relacionamentos ele talvez pudesse usar um pouco desse ciúme contido pra me impedir de sair com uma saia mais curta dia ou outro, mas não é o caso.
Quando eu era pequena ele falava muito sobre como ele só ia deixar eu namorar depois dos 18 anos, como quebraria os dentes de quem chegasse perto da garotinha dele e que não ia aguentar se eu aparecesse com um namorado enrolado no pescoço. Hoje em dia ele me pergunta quase que semanalmente se o amigo com quem vou ao cinema não é meu namorado, se eu pegaria um garoto esquisito que ele vê passando na rua ou porque eu não apresento meu "homem secreto" pra ele.
O que é chato, pois eu queria ter alguém de verdade pra apresentar pra ele só pra ele poder libertar todo o potencial de pai das cavernas que eu não deixei ele usar. É um desperdício de um pai em perfeitas boas condições para aterrorizar namorados (que pelo que vejo nos filmes é uma coisa ótima para agarrar marido). É uma pena, já que minha irmã, que atingiu a puberdade pelo menos 3 anos antes de mim, tem muito potencial para ser daquelas adolescentes que aparece cada dia com um garoto mais estranho em casa e não vai poder aproveitar um pai ciumento porque eu já estraguei ele todo.
Mas o que eu posso fazer né? Talvez essa minha resistência possa me trazer algum benefício no futuro, meu sangue pode conter a cura da AIDS sei lá, quem sabe. Daí pelo menos quando alguém me perguntar sobre minha vida amorosa nas reuniões de família eu posso dizer algo do tipo "eu fui a escolhida pra fracassar no amor em prol do bem de toda a humanidade, sou um jesus cristo dos tempos modernos, saiam por aí e criem uma religião em meu nome, não vão nem precisar mudar as letras A.C e D.C (porque meu nome é carolina né). E, afinal,quem precisa de casamento e filhos quando se tem o futuro da civilização em suas mãos, certo?" ou qualquer coisa assim que vai me colocar num patamar elevado ante meus primos que emendam namoro atrás de namoro e só fazem eu parecer mais patética, comendo minha torta alemã com colherzinha de café, todo dia das mães, todo natal, todo domingo (pois é, I'm a sucker por torta alemã).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre a chatice e o ato de dormir

Eu costumo reclamar muito sobre o quanto as pessoas me irritam, sobre como eu nunca vou conseguir manter um relacionamento, uma vez que todas as pessoas que eu conheço acabam, uma hora ou outra, me cansando (e não do jeito bom). Antes de imaginar como vai ser meu casamento (que casamento?) eu já quero procurar o telefone de advogados para cuidar do meu divórcio. Eu tenho certeza que pra mim não vai ter essa coisa de feliz para sempre, simplesmente por um único motivo: as pessoas são todas muito chatas. Sim, todas.
Mas peraí, eu sou uma pessoa e eu não sou chata. Todas as minhas piadas são muito engraçadas e qualquer um teria a sorte de morar no meu corpo e passar todas as horas de todos os dias dentro da minha cabeça, certo? Ahn, mais ou menos. Eu realmente não me acho tão chata, afinal são 19 anos de convivência e, apesar de minhas disparidades comigo mesma, consigo me achar agradável durante a maior parte do tempo. Mas sim, eu sou chata. E muito. Assim como todo mundo.
Acho que existe algum mecanismo de defesa no ser humano que impede que ele perceba a própria chatice, de forma que ele possa viver anos e anos sendo aquela pessoa que pergunta se é "pavê ou pacomê" sem se incomodar com isso da mesma forma que se incomodaria se essa frase saísse da boca de outro ser de luz, que se acha engraçadíssimo, assim como ele. Porém, existe uma falha nesse sistema. Sim, se você parar para se escutar, naquele momento logo antes de dormir, vai conseguir perceber o quão insuportavelmente entediante e piegas você consegue ser.
Por exemplo, esses dias ando tendo aquelas insônias de ficar horas rolando na cama sem conseguir mergulhar no estado de espírito elevado que tanto me agrada. Foi quando parei para ouvir pela primeira vez as vozes dentro da minha cabeça se manifestando, que entendi como é difícil achar uma pessoa legal no mundo, principalmente porque eu não sou uma delas.
(flashback para a cena de carolina -eu- tentando dormir)
(... alguns minutos de silêncio ...) "eu gosto de uvas" "faz tempo que não como uvas" "hum... foi um bom restaurante que fui no fim de semana né" "a salada tava muito boa" "preciso comer mais salada" "amanhã vou no supermercado e compro coisas pra fazer salada" "não vou ficar gastando dinheiro quando posso fazer uma coisa tão fácil dessas em casa" "♫ I like big butts and I cannot lie ♪" "não ok, vamos dormir agora, você tem que acordar cedo amanhã" (silêncio) "ai droga acho que deixei dinheiro dentro da minha calça jeans" "se for uma nota de 2 reais eu não me importo, mas se for uma de 20 eu quero pegar agora" "não, deixa, amanhã eu pego, é só eu não me esquecer" "dinheiro na calça, dinheiro na calça, dinheiro na calça, dinheiro na calça" "ah não, agora acho que tenho que fazer xixi" "bom se eu levantar pra fazer xixi melhor pegar logo o dinheiro na calça" "não, eu não posso estar com vontade, acabei de ir no banheiro" "nossa se eu acordar no meio da noite com vontade de fazer xixi vou ficar muito puta" "♪ you other brothers can't deny ♫" (e continua por mais algumas horas).
Não sei se fui clara o bastante. Se quando eu era pequena meus pais cantavam música pra me fazer dormir, hoje em dia eu me encarrego de entediar a mim mesma até não aguentar mais e ser obrigada a dormir. E, se uma pessoa consegue ser tão chata a ponto de fazer a si própria dormir, eu não sei quem eles estão tentando enganar com esse papo de paz mundial. Afinal, guerras só acontecem porque as pessoas não se aguentam mais e querem matar umas às outras, certo?
Aliás, com tantos problemas no mundo eles preferiram erradicar a varíola do que a chatice, né? Esse pessoal do governo não tem a menor noção de prioridades mesmo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Serendipity (quer dizer, seria, se fosse verdade)

Hoje me flagrei num momento ridículo. Era um momento só meu, eu não precisava ficar com vergonha, afinal ninguém estava vendo, mas às vezes isso acontece. Às vezes me surpreendo fazendo algo tão patético que sinto como se minha alma tivesse se desprendido do meu corpo e ficasse me observando de fora, apenas zombando de tudo que eu penso como se eu estivesse dizendo todas aquelas coisas em voz alta diante de uma grande platéia que confunde minha tragédia grega com um show de stand-up comedy.
Bom, enfim, lá estava eu no ônibus, ouvindo música, toda largada nas poltronas confortáveis (ônibus do condomínio, porque gosto de pagar de emergente da zona sul pela cidade), tentando encaixar a música certa aos cenários que iam passando, quando, ao meu lado, parou um ônibus comum, estava trânsito e era hora do rush, então tinham várias pessoas em pé no ônibus, obviamente. Fiquei olhando, pensando em como aquelas pessoas deviam estar me invejando naquele momento, querendo um pouco do meu ar-condicionado que embaçava as janelas, quando, de repente, cruzei olhares com um cara lindo parado ali de frente pra mim, segurando na barra do alto do ônibus (acho que todo homem - lindo - que segura na barra do alto do ônibus devia figurar num calendário de bombeiro ou coisa do tipo, porque é simplesmente o melhor ângulo para os bíceps e tríceps que existe) que, para surpresa geral, parecia estar me encarando também.
Me ajeitei na poltrona sem graça e fingi estar trocando de músicas no iPod enquanto via o ônibus do lado se movendo com o canto do olho, sem direcionar outro olhar para o lindo homem bombeiro. Nossa, uma troca de olhares? Foi isso que me deixou tão constrangida? Meu deus, grow up! Infelizmente não, não foi por isso. Ai, como eu queria terminar a história aqui e poupar a Carolina flutuante do constrangimento, mas não, depois que o ônibus saiu do meu campo de visão que começou a parte triste da cena.
Não sei se foi porque eu estava com um vídeo que andei vendo recentemente na cabeça, ou talvez seja mesmo porque chega um ponto em que a solteirice se entranha no seu ser de tal forma que começa a danificar neurônios e provocar pequenos blecautes na área do bom-senso durante o dia. Só sei que quando vi estava revirando minha bolsa à procura de uma caneta pra escrever meu telefone na mão e mostrar pro cara lindo do outro ônibus. "Ai meu deus tem que ser tinta preta senão ele não vai enxergar" "Será que não é melhor eu escrever o telefone na janela?" "Tenho um marca-texto, acho que se eu escrever na janela ele vai me achar mais interessante" (pausa pra testar o marca-texto rosa na janela) "Droga, não pega direito, vai ter que ser na mão e de caneta mesmo" "Se bem que na mão é capaz de ele não enxergar, melhor escrever no braço todo" "Ih, mas o ônibus tá cheio, ele não vai ter onde anotar" "Ah, enfim, é bom que ele seja bom em memorizar coisas" "Será que outra pessoa não vai olhar e anotar meu telefone também?" "Ah droga tomara que ele tenha uma caneta pra me mandar o telefone dele também" (desligo a música pra focar no meu objetivo) "Vou só deixar a caneta aqui na parte de fora da bolsa pra ele não achar que eu já estava pensando nisso, né?" "Ok, agora faz cara de quem não está desesperada". E, nesse tempo todo a Carolina flutuante estava ali me olhando, observando meu diálogo interno como quem assiste às videocassetadas (uma coisa de achar graça ao mesmo tempo que se sente mal por estar assistindo faustão ao invés de estar por aí vivendo ou fazendo sei lá o que que as pessoas costumam fazer domingo à tarde).
E sabem o que aconteceu? Nada. Eu não estava procurando a caneta porque alguém deu a entender que queria meu telefone nem nada, eu estava procurando a caneta porque, na minha cabeça, aquela era a sequência lógica de acontecimentos. Aquela paranóia de sempre de que meu tão estimado conto de fadas do transporte coletivo está prestes a se tornar realidade. Mas é sempre tudo na minha cabeça. O outro ônibus nunca mais passou do lado do meu, minha caneta está até agora na parte da frente da minha bolsa e aquele cara do calendário de bombeiro provavelmente não era o meu Mr Right, ou até era, Mr Right on the wrong bus.
O pior não é nem ter que conviver com a vergonha alheia de mim mesma, já estou acostumada com esse meu subconsciente petulante opinando sobre tudo o tempo inteiro, o problema mesmo é que esse não é um episódio isolado. Eu vivo por aí esperando um desses encontros repentinos com o homem perfeito, caçando pequenos momentos que eu possa descrever depois como memoráveis, sonhando que vagões de metrô, bancos de ônibus e filas de banco estão repletas de potenciais Mr Right só esperando o olhar certo para fazer um movimento que vai mudar nossas vidas para sempre. Esperando a hora de apertar o REC cerebral pra não deixar de contar nem um detalhe quando meus filhos perguntarem como conheci o pai deles (mesmo que ele venha a seguir o curso natural de todas os meus relacionamentos e se torne um babaca depois).
Acho que já não consigo mais enxergar a linha tênue que separa uma pessoa sonhadora e idealista de uma pessoa fracassada e patética sem a menor noção da realidade, né?.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Quem nasce pra ser medalha de honra ao mérito jamais será estatueta do oscar

Péssimas idéias brotam na minha cabeça num fluxo incrível. Meu analista fala que eu não devo ficar me prendendo à coisas do passado pra justificar as besteiras que eu faço no presente, mas eu não consigo deixar de achar que tudo isso começou quando eu era pequena e resolvi que não ficava bonita de franja e resolvi pegar a tesoura e cortar ela bem na raiz pra fazer ela sumir. Foi toda uma temporada passando gel pro cabelo parar de ficar em pé na frente e vendo as pessoas se assustarem ao descobrir o real tamanho da minha testa. Não aprendi nada com a experiência e assim que a franja voltou a um comprimento aceitável fui lá e cortei de novo, apenas pra minha mãe ter certeza de que havia errado na minha criação.
Pois é, depois disso foi uma sucessão de infortúnios acontecendo na minha vida. Azar? Planetas desalinhados? Número de cromossomos errado? Não, apenas péssimas decisões da minha parte.
O problema é que a maioria dessas idéias horríveis chegam na minha cabeça como se fossem algo digno de um prêmio Nobel. Me sinto Isaac Newton embaixo da árvore levando uma maçã na cabeça a cada pensamento repentino. Só que no meu caso eu só fico com o galo na cabeça, nada de descobrir a gravidade.
A mais recente foi: passar auto-bronzeador. Claro, é verão, todo mundo anda pelas ruas ostentando um bronzeado saudável e ornando pele descascada e eu não posso ir à praia por causa do meu pé quebrado (não que eu seja uma pessoa que frequenta praia, mas é que na atual conjuntura eu estou adotando o pensamento do "nem se eu quisesse") então a coisa lógica se fazer é: ficar bronzeada também, certo? Errado.
Quer dizer, estaria certo se: 1. o auto-bronzeador, de fato, deixasse a pele do ser humano bronzeada marrom em vez de bronzeada laranja e 2. eu soubesse aplicar hidratantes uniformemente.
Não sei se preciso descrever o reflexo do espelho com o qual estou sendo obrigada a conviver, mas se eu fosse obrigada diria que é algo como um simpson que deu errado. Ah, agora não só tenho que ouvir o quanto estou branca doente como também tenho que morrer de calor nesse rio de janeiro usando calças compridas para esconder minhas pernas saídas diretamente de springfield.
Sinto dizer, mas acho que estou cada vez mais longe do meu Nobel.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não tem mais natal nem na leader magazine

Papai noel,
talvez esteja meio em cima da hora pra eu estar te escrevendo essa cartinha, mas eu só quero avisar que você não precisa vir esse ano não. Não que você tenha se importado em aparecer nos últimos anos, mas esse ano, a não ser que você se transforme em um gênio da lâmpada e tenha três desejos pra me conceder, ou tenha alguns truques de mágica pra fazer na noite de natal e deixar o jantar em família um pouco menos insuportável, pode pular minha casa.
Desculpa ser assim tão direta mas é que olha, pra começar, é muito chato que todo mundo fica insistindo pra eu não acreditar no senhor e, quer saber? Estou quase indo na onda dessas pessoas. Pois é, você não anda fazendo por onde. Nos últimos natais nem sinal do pônei que eu pedi. Mas tudo bem, sem ressentimentos, minha mãe também não ia gostar muito de um pônei cagando a casa inteira e ia acabar sendo ela que ia ter que levá-lo pra passear todo dia, acho até bom você não ter trazido ele.
Aliás, não que isso tenha muito a ver, mas eu vi uns papais noéis no shopping esses dias que, olha, só decepção, não sei como você permite umas pessoas tão fajutas se passarem por você (claro que eu sei que aqueles papais noéis são falsos, se bobear eles nem gordos de verdade são), eu acho que uma pessoa do seu nível podia ter um critério de seleção mais sofisticado em relação às pessoas que vão te representar, mas enfim, quem sou eu pra julgar?
Mas tá, o que me incomoda nem são os papais noéis do shopping. Já faz um tempo que as pessoas começaram a me olhar esquisito por querer sentar no colo de um velho barbudo (e, provavelmente, tarado) pra tirar uma foto, então eu nem passo perto. O problema é que tá tudo errado, papai noel. Tudo errado.
O natal já não tem mais aquela magia que tinha antigamente quando eu era criança. Pode parecer até meio esquisito pra você me vendo falar de magia, logo eu que costumo ser tão cética, mas é que me chateia que ninguém mais se importa em dar presentes só pra ver alguém que gosta feliz, se você esquecer de comprar um presente pra dar em troca acabam-se os sorrisos. E eu não trabalho né, papai noel? Tenho que racionar meu dinheiro e roupas pra mim são prioridades no momento, com a falta de namorado e tudo o mais.
E estou falando isso mas acho que o natal lá em casa não tem mais salvação não. A nova leva de crianças parece que já nasceu não acreditando no senhor. Só acreditam naquela vadiazinha da fada dos dentes porque ela dá dinheiro pra eles. Crianças interesseiras, não é mesmo? Não tem mais ninguém que fica embaixo da mesa da sala cantando músicas de natal (essa era eu). As pessoas só fazem um amigo oculto sem graça, passam algumas horas esganiçando a voz pra falar com meus priminhos, tiram umas fotos pra parecer que a família se encontra todo fim de semana e não só uma vez por ano (o que eu meio que agradeço por não ser verdade), fazem tantas perguntas quanto necessárias pra me deixar desconfortável (já que eu sou sempre a com menos conquistas pra compartilhar, como o senhor bem sabe) e depois, quando eu pergunto por você, SABE O QUE ELES ME RESPONDEM??? "Os presentes tão ali embaixo da árvore". Quer dizer, eles não deviam pelo menos inventar uma desculpa pra explicar sua ausência?? Não deviam tentar me mostrar um dirigível no céu pra fingir que é o seu trenó?? Enfim, por isso resolvi te dar um passe livre pra você não passar lá em casa esse ano. Ninguém sente muito a sua falta além de mim. Se me arrisco dizer, ninguém nem lembra que um dia você já passou alguns natais com a gente. Mas eu prometo que não vou ficar chateada. Juro mesmo. Acho que já estou grandinha pra entender que algumas coisas nunca voltam a ser as mesmas e que você tem suas prioridades né?
Beijos, Carol
P.s.: Se você por acaso esbarrar com minha fada madrinha em uma de suas viagens pede pra ela me procurar por favor que ando precisando conversar muito a sério com ela. Ela é outra que vem pisando feio na bola comigo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Biologia dos relacionamentos for dummies - parte II

No outro post eu tinha começado a falar da menina HIV, mas achei que ia ficar muito grande desenvolver essa analogia por lá e resolvi fazer uma segunda parte aqui para vocês amgs que estão com muita saudade de ouvir palavras como ~transcriptase reversa~ nas suas férias monótonas (sei que estão monótonas, porque não é possível que só eu esteja inválida na minha cama por semanas e o resto do mundo inteiro esteja numa rave para a qual eu não fui convidada).
Bom, então vamos lá. Existem tanto homens quanto mulheres do tipo HIV, mas como no post passado falei do homem-macrófago, esse aqui vou limitar a história para a menina-HIV.
Como todos sabe, o HIV é um retrovírus, daqueles que tem RNA e dai quando entra na célula chega uma enzima bem louca e transforma esse RNA em DNA pra depois transformar em RNA de novo (enzima meio burra essa também né). Como ele é um retrovírus a menina HIV se veste com umas roupas dos anos 70 né, cabelão, óculos escuros, calças santropeito e uns 100g de maconha no bolso (pior piada de todos os tempos ou pior piada de todos os tempos?).
Não, ok, a menina HIV é mais como se fosse aquela menina que é bonita, sabe que é bonita, mas finge ter baixa auto-estima para os outros dizerem o quanto ela é bonita o tempo todo. Você pode achar que esse é todo o tipo de mulher, mas na verdade não é. A menina precisa ser bonita e se achar bonita para ser uma HIV. Não adianta ser feia e se achar bonita e fingir que se acha feia, e também não adianta ser bonita e se achar feia de verdade. Auto-confiança, beleza e falsidade são as palavras-chave de uma verdadeira HIV.
Enfim, a menina HIV é aquela que primeiro destrói o macrófago. Como eu já expliquei no outro post, o homem-macrófago é normalmente o que destrói corações, mas no caso da menina HIV ele simplesmente não consegue. Ela é muito esperta e se camufla de menina complexada, faz o macrófago se apaixonar e daí tapa na cara do macrófago, quando ele percebe já ocorreu um pane no seu sistema e ele está se perguntando quem o desconfigurou ---> Pitty sabe descrever a lise celular como ninguém.
A menina HIV tem sérias tendências sociopatas, e, se você já viu o seriado Dexter, sabe que todo bom sociopata sabe bem como se camuflar para viver em sociedade. Ela destrói o coração dos macrófagos e depois segue rumo ao seu alvo principal: os linfócitos TCD4+.
Olha, dá até pena falar dos linfócitos TCD4+ nesse contexto porque eles são muito gente boa, não mereciam cair nas garras da menina HIV. Eles são aquele tipo de cara que você se apaixona logo de cara. Se nós vivêssemos num filme em preto e branco ele seria o tipo de homem que tira a blusa e coloca por cima de uma poça de lama pra você passar por cima e não se sujar. E, exatamente por esse seu espírito bom samaritano de querer ajudar e defender tudo e todos que a menina HIV vai direto nele. Por mim ela podia se limitar a partir o coração somente dos macrófagos, porque às vezes eles bem que merecem, ou até mesmo dos linfócitos TCD8+ que são uns encostados nos TCD4+ e nunca fazem nada original. Mas tudo bem, é difícil mesmo entender como funciona a mente de um psicopata.
Então, a menina HIV vai lá com sua conversa mole, se fazendo de vulnerável e o linfócito TCD4+ quer logo ver o que está acontecendo. Ele normalmente tentaria defender o corpo de uma célula tão esquisita, cheia de glicoproteínas por todos os lados, mas ele deve pensar que ela parece tão vulnerável que não pode fazer mal à ninguém né? Daí pronto, quando ele vai olhar tem música da Pitty lá tocando no rádio de novo.
A partir dai tudo acontece muito rápido, depois que a menina HIV conquistou o coração dos linfócitos TCD4+, e eles estão completamente impotentes diante de seus encantos, é aí que começa a AIDS.
A AIDS é como se fosse a quebra do sistema, é como se a menina HIV tivesse sido eleita prom queen por unanimidade de todos os linfócitos presentes e depois, visse o balde de sangue de porco em cima da sua cabeça (porque os linfócitos perceberam que tinha alguma coisa errada com aquela menina e queriam sacanear ela) e resolvesse começar a matar todo mundo.
Daí pronto, matou todo mundo não tem nem mais o que dizer né?
AIDS é como um filme do Tarantino que não precisa de história, só de sangue e carnificina e daí também não precisa de final porque o filme precisa terminar por falta de atores né. Aliás, nessa parte que começa a rolar os créditos que Cazuza, Renato Russo & cia viraram ídolos nacionais.
Então, rapazes, cuidado com as meninas HIV, porque assim, apesar de todos os antiretrovirais que podem impedir o episódio da festa de formatura, uma hora essa menina pode ficar louca e aí você não vai querer estar por perto. Ainda mais que agora as chances de você virar um ídolo nacional são bem maiores se você fizer um vídeo babaca na internet e se vestir com umas roupas coloridas escrotas do que se você morrer de AIDS. Saudades desses tempos de outrora, né?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Biologia dos relacionamentos for dummies

Um comentário aqui no blog me abriu os olhos para todos os anos que passei desenhando células gigantes no caderno e escutando a fascinante vida das mitocôndrias, que eu estou simplesmente jogando fora ao deixar pra trás o ciclo básico da faculdade de medicina e ingressar numa parte cliníca (que eu espero que seja bem mais sangrenta). Esse conhecimento pode ser reaproveitado sim, porém, como eu nunca fui uma aluna perfeita não vou me meter a dar aula de biologia pra ninguém, vou apenas aplicar alguns conceitos perdidos por ai à vida social, porque, acreditem meus caros leitores, a biologia está infestada de material para piadocas e trocadilhos incríveis. As pessoas só precisam freiar essa aversão ao conhecimento que ai as piadas nerds poderão fluir livremente.
Hoje o negócio vai ser sobre os macrófagos. Escolhi os macrófagos não só porque acho que o dia-a-dia deles deve ser muito emocionante, mas porque é uma das células para a qual eu tenho uma analogia com o ser humano ---> o homem-macrófago.
O homem-macrófago à primeira vista é um sujeito muito pacato, assim como os monócitos, que são as células precursoras dos macrófagos, que circulam no sangue tranquilonas, sem maturidade pra sequer pensar em atacar alguém, quer dizer, uma bactéria. O homem-macrófago é aquele que te pega com um papo leve, que te conta umas histórias bobas, que te oferece um lugar no ônibus, que você diz que nunca pegaria e quando vê lá está ele te dando oi no msn.
Quando uma bactéria ou um vírus invadem o organismo, ou quando uma menina nova na área chega no aposento, os anticorpos vão lá correndo se ligar à elas, anticorpos são como se fossem aqueles homens-arroz, não deixam a mulher respirar, estão por toda a parte, e são eles que mostram pro macrófago a célula que ele tem que atacar. O macrófago é aquele cara que vai playing it cool o tempo todo, deixa os anticorpos cansarem a presa, deixa eles sinalizarem a carne fresca e ai quando a mulher já está toda opsonizada é a hora do macrófago agir.
A opsonização é fundamental pro macrófago conseguir atuar. Vejam bem, ele ainda está no sangue, sob a forma de monócito, todo imaturo, todo bobão. Mas quando os anticorpos chegam ele já fica em alerta, começa a se direcionar pro tecido e depois tem a cascata do complexo do complemento. Magrófago é especialista em detectar mulher complexada, cheia de C3b pelo corpo (C3b é uma opsonina muito semelhante ao que nós, leigos, chamamos de ~ daddy issues). Essa combinação de anticorpos (homens-arroz) + C3b (daddy issues) é como se fosse uma placa neon piscando na cabeça da bactéria (da menina) dizendo: "HELLO MACRÓFAGO, COME AND GET ME!"
Bom, então tá lá, o monócito doidão no sangue indo em direção à bactéria opsonizada. Na vida real isso seria, o cara doidão depois de várias horas gastas no msn indo em direção a uma bimbada certa.
Às vezes é difícil pro monócito penetrar o tecido por causa dos capilares estreitos porque muitas vezes a menina dá uma dificultada, fala que só vê ele como amigo e tal, dai isso é o que chamam de diapedese, que ele vai entrando de pouquinho em pouquinho, se espremendo ali pelos cantinhos até que quando você vê o macrófago tá ali, com uma maturidade que você nunca viu antes, abrindo portas e tudo, e aí sim ele se transforma em um macrófago de verdade, aquilo antes era brincadeira de criança que qualquer neutrófilozinho besta podia fazer também. Agora o macrófago não brinca mais, é hora de começar a fagocitose e ele já está com tudo planejado.
Como o faro do senhor macrófago já o levou à menina com daddy issues fica muito fácil se prender à ela. Por mais que ela diga que não, ela quer carinho, ela quer toda aquela atenção, ela quer sms melosa quando acorda de manhã, e o macrófago pode oferecer isso.
Quando a menina percebe o que está acontecendo, ela já está envolvida pelos pseudópodos daquele macrófago charmoso, todinha dentro dele (literally speaking tanto pra vida real quanto pro universo celular), naquela dependência gostosa sem nem saber de onde veio o caminhão que a fagocitou.
Porém o que a menina não sabe quando se envolve com o macrófago é que ele tem um complexo de golgi muito desenvolvido. E olha, se eu posso te dar um conselho é esse: FUJA DE HOMENS COM COMPLEXO DE GOLGI. É o pior complexo que um homem pode ter. Ele digere cada pedacinho daquela menina. Não sobra nada, se bobear ele é daqueles que nem deleta do msn só pra ela ver a janelinha dele subindo toda vez e lembrar da agonia da digestão.
E esse complexo de golgi não induz os macrófagos a destruir só a pobre menina não, ele mutila toda e qualquer outra que estiver ao alcançe dos seus pseudópodos. Não importa se é sua amiga ou não. Ele não quer nem saber, o macrófago maduro só quer saber de fagocitar as many as possible.
É preciso ficar ligada nos macrófagos ainda na fase imatura, dar um jeito de enganar eles, se fingir de bem resolvida, igual o vírus HIV (olha como todo dia é dia de aids). Só as meninas estilo vírus HIV conseguem escapar ilesas dos charmes do macrófago. Porque elas até deixam os anticorpos chegarem, até curtem uma fagocitada gostosa, mas depois elas tem proteínas semelhantes ao corpo humano que o macrófago não destrói com medo de destruir uma parte do corpo, são as poucas meninas que fazem todos se apaixonarem por ela, inclusive os macrófagos que parecem tão duros na queda, e daí essa menina que é um perigo não só para os macrófagos que passam a ser vítimas, mas também para os linfócitos que caem na história de menina indefesa que ela conta. Mas essa já é uma outra história.
O meu aviso é só pra ficarem ligadas nos rapazes macrófago, porque eles estão por toda a parte. Eu só sugiro experimentar uma fagocitada dos macrófagos se você for uma HIV, porque eu dei uma olhada aqui num livro de biologia e tá dizendo que quando os monócitos amadurecem eles podem aumentar seu diâmetro em até 5 vezes ---> 5 VEZES <--- quer dizer, é algo que vale a pena conferir pessoalmente, né? E mesmo que você não seja HIV e caia nos pseudópodos do macrófago, eu sugiro aproveitar porque não é todo dia que se encontra uma coisa dessas, vai ser possivelmente o coração partido mais agradável que você já teve.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O manual que você menos vai precisar na sua vida bem aqui

Outro dia vi num blog por aí uma pessoa dissertando sobre 9 coisas que os outros deveriam saber sobre ela. A primeira coisa que eu pensei foi: "nossa, mas é nunca que eu iria conseguir pensar nove, eu disse NOVE, coisas interessantes o suficiente sobre mim, pelo menos não algo que alguém tenha vontade de ler né". Pensei também que essa pessoa devia ser um tanto bem resolvida para escrever praticamente um manual a seu respeito achando que os outros iriam querer abri-lo e testá-lo. Nem sei se foi esse o objetivo, nem sei se ela era tão bem resolvida assim, olha eu com essa minha mania chata de julgar as pessoas sem saber. Eu, na verdade, não cheguei nem a ler as 9 coisas que ela achou válido compartilhar sobre ela mesma com o mundo.
Acho que por não saber o que ela tinha escrito sobre si, por não saber se as coisas que ela tinha achado interessantes sobre ela mesma seriam interessantes para mim também ou sei lá por qual motivo senão minha simples curiosidade pra ver se eu conseguia pensar em nove coisas interessantes sobre mim, resolvi fazer minha própria lista de curiosidades a meu respeito (how pathetic am I?). E não to nem ai, eu podia estar fazendo testes no facebook pra descobrir que princesa da disney eu sou, podia estar protestando pelas minhas moedas verdes no youtube, mas não, estou aqui humildemente revelando segredos para desconhecidos que é algo muito mais saudável, então vamos lá:
1. Eu tenho uma dificuldade horrível de dizer "eu te amo". Foram poucas as pessoas que já escutaram essas palavras saindo da minha boca. Escrever é outra história, sou bem menos pudica com meus sentimentos quando eles são escritos, mas quando são falados eles parecem muito mais reais, muito mais meus e eu não sei lidar com isso. Então as pessoas só vão ouvir um "eu te amo" meu se for muito verdade, se eu precisar muito dizê-lo.
2. Eu odeio mamão. Acho que não devia nem ser considerado fruta. Frutas são pra serem leves e doces e com gosto de infância, mamão só me lembra as épocas em que minha peristalse não era lá essas coisas e eu tinha que me entupir de mamão até quando estava SENTADA NO PENIQUINHO (wall of shame) e ninguém constrói memórias agradáveis sentada num penico com cara de fusca né. Pois é, e além disso ainda tem a consistência, o gosto, aquelas sementes todas, que em nada ajudam a causa do mamão.
3. Eu não gosto do meu aniversário. Com isso não quis dizer que não gosto de ganhar presentes, eu adoro ganhar presentes. Eu só não gosto de pessoas se sentindo na obrigação de me dar parabéns sem eu nem ao menos ter feito alguma coisa digna de merecê-los. Não gosto de comemorar algo que eu não sinto necessidade só porque é uma convenção social (mas eu faço porque sou boba e preciso me sentir IN nas coisas). Eu não fico chateada se esquecem de me dar parabéns, eu na maioria das vezes prefereria até ficar em casa e esperar chegar o dia seguinte quando vai ser só mais um dia qualquer, mas nunca sou permitida a fazer isso.
4. Toda vez que eu passo por um espelho e não tem ninguém por perto eu levanto a blusa pra ver se minha barriga ainda está lá. Ok, você acabou de concluir que eu sou uma idiota, e eu devo ser mesmo, mas sei lá, vai que minha barriga mudou desde a última vez que eu a vi, vai que ela sumiu (o que seria uma boa) ou que ela ficou igual a daquelas pesssoas depois de fazerem uma cirurgia de estômago, toda cheia de pelancas. Não sei, eu preciso saber que ela está ali, e não adianta só colocar a mão, eu preciso olhar no espelho.
5. Eu não entendo nada de política. Eu até tento. Juro que tento. Tento absorver ao máximo o que os taxistas falam e comparar com o que eu ouço em casa de meus pais exaltados durante o jornal nacional. Tento falar de fulaninho que eu conheci que fez sei lá o que na política quando alguém começa o assunto. Eu acho até que sou convincente, mas isso se deve mais ao meu talento de mentir do que ao meu conhecimento sobre o assunto. É horrível, mas eu simplesmente não me interesso e, a não ser que eu me apaixone por alguém muito engajado na política, eu vou continuar na minha ignorância gostosa.
6. Eu fico nervosa quando uso perfumes e quando pinto as unhas. Pois é, eu gosto do cheiro dos perfumes, eu me apaixono pelas cores dos esmaltes, até sei os nomes de algumas das cores, mas quando o negócio é colocar em mim eu fico um pouco tensa. Não consigo olhar minhas unhas vermelhas, ou de qualquer outra cor, sem achá-las um pouco alienígenas, e não consigo sentir aquele cheiro de perfume vindo de mim o dia inteiro sem me sentir enjoada. O estranho é que, mesmo assim, eu compro perfumes, compro esmaltes, poderia se dizer até que tenho uma coleção de ambos. Quem olha minha bancada do banheiro até pensa que faço manicure toda semana e ando por aí cada dia com um cheiro diferente. Mas não, são sempre as mesmas unhas cor de unha, sempre o mesmo cheiro de shampoo e sabonete e eu sempre me justificando que faltou tempo, que não consegui ir no salão naquela semana, simplesmente não consigo admitir isso das unhas alienígenas pras minhas amigas sem cutículas.
7. Gosto de ler praticamente todos os tipos de livros, mas meu livro preferido é um livro de terror (um terror meio suspense, meio misturado com religião, uma história que eu nem sei explicar ---> aliás, outra coisa que não sei é resumir histórias de filmes e livros). E eu sempre tento convencer as pessoas a lerem esse livro. Sempre. Se, algum dia, você virar pra mim e disser que gosta de ler, eu vou te encher o saco até você fazer o favor de comprar e ler esse livro até o final.
8. Falando de livros, eu morro de ciúmes das minhas coisas, tem uns objetos específicos que eu odeio ver as outras pessoas usando, e se tem uma coisa que eu realmente odeio emprestar é livro. Primeiro porque tenho medo da pessoa nunca me devolver (o que quase sempre acontece), depois porque fico muito nervosa da pessoa usar a aba solta que vem no livro pra marcar a página que ela está lendo. Daí eu peço pra pessoa não usar e ela vem e fala "mas essa aba solta foi feita pra isso" e eu só pareço maluca quando digo "MARCADOR DE LIVRO TAMBÉM FOI FEITO PRA ISSO, BITCH", e dai, como eu sou a maluca, meus livros sempre voltam (quando voltam) pra mim esgaçados e meio tortos e é horrível porque com a aba destruída eu meio que perco a vontade de lê-los de novo.
9. Eu amo balas. Desde que eu me entendo por gente eu fui uma criança assídua no dentista baleiro. Eu não tenho controle sobre a quantidade de balas que eu como, nem balas nem chicletes. Chicletes tem o problema de comer enfiando vários na boca de uma vez só, até ficar tão grande que não dá pra mastigar (mas isso só faço sozinha, porque se faço em público eu começo meio que a babar demais e as pessoas começam a sair de perto falando "que nojo" e eu não curto) e balas é uma atrás da outra até acabar, obviamente. Eu gasto toneladas de dinheiro com balas e nem me importo. Balas e gibis da turma da mônica foram minha primeira paixão que o dinheiro podia comprar então to nem ai. Aliás, se as pessoas não fossem me julgar por isso, eu leria gibis até hoje e economizaria um tanto de dinheiro que gasto comprando os milhares de livros que preciso ler até encontrar um que eu goste de verdade.
Nossa, eu poderia até pensar em mais coisas, mas isso já deve ter ficado entediante demais que não quero nem ver, não vou nem reler pra não dormir e esquecer o leite que eu deixei esquentando no fogão. Segurança acima de tudo né. Rio de janeiro pela paz e coisa e tal. Sei nem mais o que eu to falando.

sábado, 27 de novembro de 2010

Calma que fica pior, quer dizer, melhor... eu acho.

Sei que eu devia estar aqui falando loucamente sobre diagnósticos e sangue e todas as nojeiras incríveis que você espera ouvir de alguém que faz medicina, mas eu, na verdade, ainda não faço nada. Não sei nada. Não sei dizer o que dizer se alguém vier me perguntar como tratar de gripe. Não sei o que fazer se alguém cortar a mão com uma faca de legumes perto de mim. Eu ainda não sei fazer absolutamente nada. E isso, por incrível que pareça, não me incomoda. Isso não me incomoda porque me assusta o dia que eu vou precisar fazer as coisas e não vou poder dizer que não sei. Me assusta o dia que alguém vai depender de mim pra alguma coisa e eu vou ter que saber, não vai ter jeito, eu vou ter que saber dizer alguma coisa, fazer alguma coisa, qualquer coisa.
Me assusta pensar que esse dia, que parece longe, na verdade está bem perto, e eu tenho medo de não conseguir.
E então, pensando nisso, comecei a lembrar da época em que eu fazia teatro e aprendi a fazer um monte de coisas que eu não entendia e que achava que não seria capaz de fazer e que, agora, lembrando, me fazem sentir até uma certa nostalgia de quão simples era aquilo tudo (na verdade uma nostalgia bem grande daquelas que fazem você querer voltar praquele lugar amanhã mesmo). Um monte de coisas que me pareciam absurdas e desnecessárias naquele momento, mas que agora vejo como algo que, possivelmente (provavelmente), acrescentou alguma coisa à minha personalidade.
Deixe-me ilustrar: no início da aula, a professora nos fazia ficar andando pelo palco de um lado para o outro sem poder olhar para o chão. Tínhamos que andar com a cabeça erguida, fazendo contato visual com todos os outros alunos que vinham na direção contrária. Às vezes vinha aquele impulso de olhar pro chão, de ver pra onde meus pés estavam indo, ou de simplesmente não ter que encarar aquela pessoa com a qual eu não tinha a menor intimidade, mas logo era repreendida, e com o tempo aquilo foi ficando mais natural. Tão natural que, hoje em dia, eu ando pela rua e vou tropeçando por todos os cantos, quebrando vários membros e pisando em largas poças d'água porque não olho por onde ando.
Um outro exercício que eu não entendia de jeito nenhum era um do final da aula. A professora organizava os alunos em uma roda e todos tinham que começar a bater palmas para o nada. As palmas só acabavam depois que todos tinham pulado para o meio da roda e feito um sinal de agradecimento, como se tivessem acabado de apresentar um espetáculo. Eu só conseguia taquicardias por cogitar a possibilidade de entrar naquela roda. Só conseguia pensar "Essa professora está tentando me matar e SÉRIO, ela vai conseguir me matar. Talvez se eu ficar bem quietinha aqui na minha batendo palmas as pessoas vão esquecer que eu..."OPS, quando eu menos esperava alguém já tinha me empurrado para o meio da roda pra aula acabar logo e eu acabava fazendo alguma coisa bem sem graça e desengonçada, só querendo voltar logo pro meu lugar seguro, longe do meio da roda. Sempre esbanjei simpatia assim.
Tinha uns tantos outros, o exercício da respiração em que você ficava deitado e tinha que sentir a respiração e todos os outros órgãos funcionando; o da sementinha, que você ficava encolhidinha no palco e tinha que ir levantando devagarinho até virar sei lá uma árvore; o de tentar vender um objeto qualquer de dentro da sua bolsa sozinha no palco, e eu sempre tentava vender band-aids porque acho que nunca entendi o conceito desse exercício; o de ler um texto quase que gritando naquela salinha minúscula fingindo que estava num grande auditótio e o microfone tinha quebrado. Enfim, várias coisas que eu achava desagradável, que me faziam querer sumir por ter que encarar outros seres humanos naquela situação ridícula, que eu achava meio nada a ver, mas que praquele momento, praquele contexto tinham tudo a ver e acabaram sendo coisas que eu levei pra vida. Nossa, que clichê, esse texto poderia estar em formato power point que ninguém se surpreenderia, né.
Mas é verdade, o teatro, que era pra ser uma coisa só pra quebrar minha casca, pra me transformar numa pessoa mais sociável e menos tímida e que, no início, parecia uma tortura com platéia, acabou sendo uma das coisas que mais definiu minha personalidade. Virou uma parte de mim que eu nem percebo que está lá, mas que fico feliz que esteja. Essas coisas que me vêm à mente assim em paradoxos clichês são como se eu tivesse repetindo pra mim mesma, sem vergonha de ser brega, aquele ditado popular que diz que "há males que vem para o bem" e simplesmente dizendo "oi, Bem". Podem me processar por isso, mas o que é a vida senão um grande clichezão né?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Totalmente demais

Me olhei no espelho agora e me assustei com o tamanho das minhas olheiras. Todo dia isso acontece, mas normalmente esse susto vem as 6 e meia da manhã, quando eu mal consigo abrir os olhos de tão inchados de sono, mas hoje foi assim de noitinha mesmo. Devem ser olheiras de tanto dormir.
Minha mãe não gosta de me ver dormindo tanto, sempre que eu me deito e escondo a cabeça com o edredon ela acha que tem alguma coisa errada comigo. Ela até hoje não entendeu que esse é o meu jeito de dormir. Meu padrasto, por outro lado, vive me diagnosticando com depressão: porque eu durmo demais, como chocolates demais, fico no computador demais, saio demais, fico em casa demais, bebo demais, falo no telefone demais, fico sozinha demais, quero fazer coisas demais, leio demais, choro demais, rio demais, sou chata demais, conto piadas demais, vejo filmes demais, não estudo demais, faço compras demais, fico de mau-humor demais, quero conversar demais, tudo demais. (a palavra demais até perdeu o sentido agora de tanto repetir né?).
Com exceção de minhas notas na faculdade, não sei ser medíocre, minhas emoções são sempre demais, ou de menos, mas isso ninguém repara, porque, pra quem vê de fora, tudo é um exagero. As pessoas não distinguem se você faz uma coisa demais ou de menos, elas só conseguem enxergar que é diferente do padrão, só conseguem dizer que não é normal e dai tentam te encaixar em alguma categoria pré-estabelecida. Eu mesma gosto de colocar cada pessoa em sua categoria, porém pra isso inventei um milhão de categorias diferentes, porque acho tudo o que é padrão muito chato (acho que por isso também nunca aprendi a mexer no excel). Alinhar coisas é insuportavelmente entediante. Gosto de tudo desalinhado, tudo bagunçado. Gosto de tirar todas as roupas do armário e jogar no chão só pra encontrar uma meia e depois guardar tudo embolado assim mesmo. Gosto de encontrar um papel todo amassado e desembrulhar ele pra descobrir o que estava escrito e depois ficar com pena de ter deixado ele se amassar tanto.
O problema é que as pessoas não suportam pessoas que são demais, para elas isso sim que deve ser entediante. Para pessoas que vivem no meio-termo, alguém que, por exemplo, dorme mais do que 8 horas por noite (ou por dia, que seja) está com problemas que merecem acompanhamento médico.
Eu não digo que eu sou especial por ir contra essa corrente, na verdade, devo ser exatamente o contrário: devo ser não especial demais.
Talvez por isso eu durma demais. Eu durmo demais porque eu sonho demais. E nos meus sonhos eu posso ser quem eu quiser, posso fazer o que eu quiser, posso dizer o que eu quiser, posso viver minhas emoções mais intensas junto com minhas idéias mais malucas e ninguém precisa ver isso. Dentro da minha cabeça ninguém pode mexer, ninguém pode me dizer o que está errado, ninguém pode me dizer se eu sou ou não normal (o que eu já nem sei mais qual dos dois representa uma vantagem). E, se o preço que eu pago por querer sonhar demais são uns olhares meio tortos quando eu vou até a cozinha pegar meu leite com nescau e umas olheiras assustadoras quando eu me olhar no espelho, está tudo bem, eu não me importo. Além do mais seria horrível desperdiçar toda essa maquiagem que eu compro demais se eu não tivesse nem uma olheirazinha pra cobrir né.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quando falta sobre o que falar mal, você sempre tem sua família

Até os oito anos de idade eu tinha sido aquela sua típica filha única de pais divorciados. Vivia perdida em um mundo onde meus pais se comunicavam por bilhetes para falar mal de mim, achando que eu não sabia ler (e, achando que eu não sabia ler, achavam que eu entregava os tais bilhetes de um para o outro); num mundo em que meu pai era recebido pela minha mãe com cadeiradas nas costas e eu, tão pequena e mimada, tomava água com açúcar pra acalmar meus nervos enquanto um planejava como colocaria o outro na cadeia da forma mais cruel.
Eu tinha duas casas, duas festas de aniversário, dois repertórios diferentes de canções de ninar, um milhão de dramas e ainda assim não chegava nem perto de ser uma criança feliz pela metade, eu era feliz por inteiro com toda aquela atenção, com todos os holofotes sobre mim, com todos aqueles presentes lindos, e eu nem atriz principal era. Meus pais eram os protagonistas da história, eu era vista como prêmio. Como uma criança poderia não ser feliz sendo o prêmio de uma relação, mesmo essa não tendo dado lá muito certo? Bom, eu só não era lá muito feliz quando meu pai me jogava por cima do ombro e me levava pra sua casa de quinze em quinze dias no seu carro que insistia em sempre estar tocando aquela música "viveeer e não ter a vergonha se ser feliz..." que até aos meus ouvidos infantis me parecia extremamente paradoxal e, desde então, sempre tenho vontade de chorar ao ouvir essa música. Mas minha memória sempre foi curta, depois do primeiro ovomaltino que meu pai me trazia eu já nem lembrava a fisionomia da minha mãe (o mesmo vale para minha mãe que apesar da falta de dotes culinários, me comprava com muitas balas juquinhas que logo faziam eu esquecer da existência do meu pai).
Mas tá, se eu for contar todas as minhas pequenas aventuras da infância vou precisar de um livro inteiro (e não acho que muitas pessoas estariam interessadas em ler, além dos meus pais, que ficariam terrivelmente ofendidos pela minha visão deturpada de todas as coisas). Mas não é isso que eu vou fazer. Hoje resolvi que vou contar só a pequena parte de quando nasceu minha irmã.
Sim sim, meus pais continuam separados, então, obviamente, minha irmã é apenas meio irmã, mas meu pai odeia esse termo, então ela é "toda-irmã-linda" quando eu falo com meu pai, e "meio-irmã-filha-daquelazinha-lá" quando falo com a minha mãe, simples.
Enfim, eu podia dizer só que foi tudo uma coisa louca de ciúmes, que eu quebrei uns vasos lá em casa e depois meu pai me explicou como ele sempre ia me amar e nós duas iríamos dividir a herança em partes iguaizinhas e todo aquele blablabla e que ficou tudo bem. Mas não foi assim. Nenhuma história em que eu participo é simples assim. A história da minha irmã nascendo se divide em algumas partes (se você já ficou entediado de ler até aqui pode ir lá ver pornografia no redtube que não vai ficar muito mais animado não):
Parte I - gravidez: a mulher do meu pai ficou grávida e meu pai pediu pra eu não contar nada pra minha mãe. Sem muitos sentimentos nessa parte porque minhas energias foram todas direcionadas para guardar o segredo --> foi também quando eu descobri meu talento de mentir, quer dizer, de ser atriz.
Parte II - nascimento: ela nasceu e durante dois anos eu odiava ir pra casa do meu pai e todos os dias sonhava com formas de entrar no quarto dela e esfaquear ela de madrugada e voltar pro meu quarto sem ninguém perceber. Mas como nunca consegui pensar num bom plano me limitava a apertar as bochechas dela com toda a força e fingir que nada tinha acontecido quando ela começava a chorar (NARDONI ME DÁ UM ABRAÇO)
Parte III - o descobrimento: depois de dois anos que minha irmã tava lá vivona minha mãe descobre sua existência CHAN CHAN foi legal que primeiro ela me parabenizou pelo meu fantástico talento para mentir e me colocou no curso de teatro, depois foi meio chato que ela me deixou de castigo pra vida e até hoje acha que to sempre mentindo sobre tudo (o que é bem sensato da parte dela pra dizer a verdade)
Parte IV - a mudança: meu pai mudou de apartamento e eu tive que começar a dividir quarto com minha irmã, uma coisa louca de ódio contido no meu coração primeiro, não por ciúmes do meu pai nem nada, mas porque as coisas dela eram todas muito mais legais que as minhas e agora eu podia ver isso mais de perto, mas depois a gente acabou ficando migs e jogando várias partidas de banco imobiliário de madrugada (enquanto eu estivesse ganhando, é claro)
Parte V - dias atuais: minha irmã chegou em casa ouvindo uma música do restart, matei ela e estou escrevendo esse post diretamente de bangu I enquanto dou ordens pra traficantes do rio de janeiro queimarem carros e õnibus pela cidade.
Ok, mentira essa parte V, eu não fui presa não.
Hum, não tenho mais o que dizer, talvez se eu acrescentar uns coelhos falantes nesse texto posso transformar isso aqui numa fábula e mandar uma moral da história para todos refletirem. Mas não tem moral, eu só não tinha mais o que fazer (além de estudar pras provas finais da faculdade em que eu me encontro) e resolvi compartilhar essa bela história de amor, de aventura e de magia que só tem a ver com que já foi criança um dia com vocês.

domingo, 14 de novembro de 2010

Vou te dar uma idéia, chega ai

Antes de qualquer coisa gostaria de dizer que eu não sou a favor da sinceridade. Não mesmo. Não é todo mundo que tem estrutura emocional pra ouvir certas coisas que você tem a dizer (eu inclusive). A mentira é sempre a saída mais fácil: você não diz o que não quer, a pessoa não ouve o que não quer, todos alimentam suas gastrites com toneladas de segredos incompartilháveis e fica tudo bem, geral feliz, geral na night dividindo um refrigerante com vodka barata.
O problema é que algumas pessoas exigem de você uma sinceridade que não estava no contrato quando a gente veio aqui pra terra, uma sinceridade que você só pode oferecer se você tiver muita certeza do senso de humor e da auto-estima do seu interlocutor, além do quanto você valoriza aquela pessoa na sua vida, claro. Porque assim, se eu fosse distribuir todos os comentários sobre a vida alheia que eu tenho vontade, era adeus vida em sociedade, alô cavernas do tibete ~recebam carolina, sua nova ermitã.
Mas ok, eu não gosto de sinceridade apenas porque eu não sei lidar com a realidade. Em sinceridópolis não haveriam mais comentários sobre o quanto você está gorda e todo aquele mimimi sem um colega concordando por trás do seu ombro mostrando aquela sua celulite que você passou a vida torcendo pra ninguém reparar. Ninguém está preparado psicologicamente pra ver os outros não rindo das suas piadas e cagando enquanto você conta do sushi com o maridão. Sinceridópolis é uma utopia das mentes pequenas que se acham grandes demais para conviver com a falsidade. IMAGINA o que seria das pessoas legais se não houvesse falsidade -> elas não existiriam, apenas isso, mais nada.
Bom, anyways, mesmo eu curtindo essa vibe meio cazuza bregona de quero uma verdade inventada e coisa e tal tem algumas coisas que eu acho que seriam mais fáceis se a gente simplesmente lançasse uns choques de realidade assim como se fosse bala perdida, pra acertar galera que tá distraída achando que tá nessa pra ser feliz.
Por exemplo: Quando você está querendo engatar um relacionamento com alguém rola todo aquele conflito interno de stalkear enquanto play it cool, medir o nível de interesse que você pode demonstrar etc. É um gasto de energia absurdo que nem sempre é recompensado com 40 noites de amor né.
Tá, então, nesses casos que dizem respeito à saúde mental de seres humanos sem ring on it acho que o pessoal podia mergulhar nesse vale da sinceridade de cabeça. Tipos, pra começar: se alguém te manda uma mensagem ou qualquer coisa do tipo e você não tá afim de responder, tá tudo bem, você não precisa responder, mas agora AVISA! manda um "ALÔ ALÔ NÃO VOU TE RESPONDER 1 BEIJO CARINHOSO" que vai poupar toneladas de ATPs gastos em agonia do pobre indivíduo que passa o dia a apertar F5. O mesmo vale para promessas de telefonemas no dia seguinte, elogios sobre a beleza sem fim do coleguinha etc.
Não, eu não faço isso, eu sou mais da linha dos babacas que fazem comentários desnecessários ai pela vida, porque apesar de isso contradizer o que eu disse no início de não curtir gente sincera (comigo) eu não sei explorar todo o meu potencial de falsidade e acabo espalhando verdades (e rancor) por onde passo, porque afinal nenhum número de amigos é tão pequeno que você não possa dar um jeito de diminuí-lo, certo?
Essa foi uma camapanha pela vida no limiar da sinceridade, treinem um pouco e venha ser odiado você também.
mental note: manter uma opinião constante ao longo dos posts

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A cor dessa cidade sou eu (risos)

Hoje estava conversando com uma amiga minha e estávamos tentando imaginar como seria a casa do moço da lanchonete da faculdade quando ela disse algo do tipo "aposto que ele tem aqueles pratos marrons transparentes e copos de requeijão" (...) fui obrigada a avisar pra ela que a MINHA casa está cheia de pratos marrons transparentes e copos de requeijão, copos de nutella com desenhos do bob esponja inclusive e quase quis acrescentar que meu sofá também é ornamentado com almofadas que eu casualmente roubei da primeira classe de um avião (dando um enfoque para o detalhe de que eu nunca viajei de primeira classe em toda a minha vida).
Foi um momento levemente constrangedor, especialmente pelo fato de que a maioria das pessoas na minha faculdade vive com uma renda mensal equivalente ao PIB da etiópia (é o país mais pobre que meu limitado conhecimento geográfico me permitiu pensar) e eu, bem, eu não. Com isso não estou dizendo que eu seja pobre, é claro, só estou dizendo que eu não seria um bom investimento para um sequestro relâmpago por exemplo, e que ninguém se casaria comigo por interesse (ou por qualquer outro motivo, já que estamos nesse assunto).
Mas então, lá estava eu me sentindo um tanto quanto pobre de espírito (o que seria uma coisa boa se eu vivesse em tempos bíblicos) indo pegar um ônibus para voltar para casa (porque como se rainy days and mondays não fossem o suficiente pra me deixar down minha carona resolveu que ia dar uma volta no rio de janeiro depois da aula e não ia poder me deixar em casa) quando, ao passar pelo estacionamento do supermercado em frente ao ponto de ônibus, o faxineiro que varria a rua gritou pra mim "bom serviço", eu juro que tentei ignorar com todas as minhas forças mas ele fez questão de repetir e eu fui obrigada a olhar e perguntar "QUE? VC TÁ FALANDO COMIGO É?" ai ele repetiu mais uma vez e eu, bem resolvida do jeito que sou, respondi "TO INDO PRA CASA ÔU" só sei que depois ele estava perguntando meu nome e dizendo algo sobre fazer novas amizades enquanto eu corria desesperada pra parar de responder o homem tentando fazer sinal pro ônibus que, obviamente, não parou.
Esse foi um daqueles momentos em que eu realmente senti a necessidade de gritar "SOU RYCAH" dentro de uma louis vitton (de outra pessoa, é claro) e lamber a tampinha de alumínio de um iogurte pra me sentir melhor comigo mesma.
Vou pular a parte em que a trocadora do ônibus colocou minha nota de 20 reais contra a luz pra conferir se era verdadeira porque estou exaltando demais meu lado suburbano e quero acreditar que tudo isso foi apenas a consequência de uma pequena falha na escolha de roupas para o dia de hoje (porque mentir para si mesmo é a melhor forma de mentir).
Bom, enfim, vamos passar para a parte menos traumática da minha manhã.
O ônibus, para mim, está empatado com o banho como melhor lugar para se pensar na vida, com a diferença de que no ônibus eu fico um pouco nervosa de que tenha alguém ali dentro com a capacidade de ler pensamentos e veja as coisas horríveis que eu penso sobre todo mundo ao redor (não que eu realmente ache que alguém que consiga ler pensamentos vá andar de ônibus - quanto mais ESSE ônibus).
Mas o que eu mais gosto no ônibus é o baixo percentual de pessoas bonitas que frequenta o mesmo. Ok, isso parece meio estúpido, vou explicar: quando você está num meio em que a maioria das pessoas está acima da média de beleza, se você não compartilhar essa bela genética também, os momentos de deslumbramento com todo aquele contingente de cabelos lisos naturais e arcadas dentárias completas vai logo ser sombreado pela assimilação de que provavelmente todas aquelas pessoas estão fazendo comparações mentais entre os presentes e você está perdendo, uma coisa que não acontece por exemplo num ônibus em que grande parte das pessoas tem cheiro de vestiário de academia e usam malhas pequenas demais para muito corpo e aonde você pode olhar para cada um que passa pela catraca e que está andando pela rua abaixo de sua janela e classificar mentalmente "feio, feio, feio, feio, feio, feio, feio" e observar sua auto-estima que antes estava jogada às traças ir crescendo um pouco durante aquela hora sem ar-condicionado até você chegar no seu condimínio cheio de emergentes da zona sul vestindo roupas de lycra que marcam cada músculo que você nunca vai ter e se despedir da sua amiga auto-estima de novo.
Bom, como eu já perdi o foco do que eu estava falando vou deixar de ser injusta e dizer que eu gosto de viagens de ônibus também pelo fato de que eu posso ouvir música e criar clipes mentais com os cenários que vão passando pela janela e fingir que não ouvi o celular por causa do barulho do ônibus e até ler uns livros pelos quais eu ia receber olhasres de reprovação em qualquer outro lugar (mas isso é claro é só no ônibus do condomínio onde eu posso colocar fones de ouvido sem ter medo de que algum desempregado vendedor de balas de tamarindo vá arrancar minhas orelhas no caminho e aonde tem ar-condicionado porque eu sinto muito calor e não sei ouvir música com meu cérebro fritando).
Então é isso, a moral da história é que todo mundo tem que trabalhar pra poder comprar um carro e ser feliz para sempre ajudando o brasil a ultrapassar o limite de emissão de carbono um dia de cada vez, porque vai que o mundo acaba mesmo em 2012 e a gente ficou esse tempo todo andando de ônibus se preocupando com o aquecimento global à toa né (mas continuem reciclando e tal, whatev)
p.s.: achei que não ia precisar de um título muito a ver com nada já que eu não tive muita coisa pra falar nesse post dai eu to com essa música na cabeça desde que acordei e acho que todo mundo anda esquecendo que daniela mercury existe então tamos ai prestando uma homenagem, arrancando pequenos pedaços de pele do couro cabeludo a cada vez que meu cérebro insiste em repetir o refrão dessa música :)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

observe atentamente o vão entre o trem e a plataforma

Então, sexta-feira já é um dia meio caótico por natureza. Afinal, como não seria meio conturbado um dia em que as pessoas já acordam torcendo para que ele termine? Não que eu esteja pregando o carpe diem para cada outro diazinho ensolarado da semana, mas é que sexta-feira tem toda uma vibe que favorece né. Alcólatras só existem porque sexta-feira existe, QUER DIZER.
Talvez por todo o acúmulo de sentimentos que se concentre exatamente nesse dia meu analista tenha marcado nossas sessões para as noites de sexta-feira, pra eu terminar a semana de uma maneira toda especial (ou não).
Bom, seria ótimo se não fosse pelo fato de que essa aura introspectiva toda também favorece um engarrafamento do caralho (desculpa vó) pra chegar em qualquer lugar do rio de janeiro ou de qualquer outra cidade com mais de 10 milhões de habitantes ao redor do mundo nesse período lindo que dura tipos umas cinco horas mas que é chamado carinhosamente de "HORA" do rush. Hoje particularmente alguma nuvem negra se instalou sobre a cidade maravilhosa que nem a mulher do programa de rádio que eu normalmente ouço às sextas de 5 as 7 da noite (não vou dizer qual o programa porque não sou paga pra isso) conseguia chegar no estúdio pra gravar por causa do engarrafamento.
Mas tá, eu não quero nem falar de engarrafamento, só falei disso porque queria explicar o porque de eu pegar o metrô pra ir pra minha sessão de análise, e para o metrô que vai o holofote agora.
São umas 5 estações da minha casa até o analista ~ 5 estações que poderiam figurar o livro dos recordes em coisas estranhas ~ mas tá.
Eu não vou generalizar minhas viagens de metrô porque elas nunca são parecidas umas com as outras, sempre tem algo característico que merece ser registrado e comentado posteriormente mas que eu sempre esqueço de fazê-lo. Pois então, hoje eu lembrei.
Hoje eu acabei pegando o carro das mulheres, porque o metrô estava tão absurdamente cheio que quando eu ousei colocar o pé em um vagão uma moça delicadinha, de mais ou menos uns 4 metros e meio de altura, me olhou como se fosse fazer eu mergulhar no vão entre o trem e a plataforma pra eu morrer destroçada em mil pedacinhos caso eu respirasse o ar próximo à ela, o que fez eu sair correndo e entrar no vagão mais vazio que encontrei que, coincidentemente, era o vagão das mulheres.
Eu preciso fazer um adendo aqui de que eu NUNCA uso o vagão das mulheres, não apenas porque o cheiro de kolene (ou qualquer outro condicionador pra cabelo ruim de sua preferência) me irrita profundamente mas porque desde que eu li uma crônica do Lúcio Mauro Filho em que ele contava que tinha conhecido e se apaixonado pela mulher com a qual ele está casado atualmente numa viagem de metrô eu sempre entro no metrô com a expectativa de que um conto de fadas da baixada desse tipo aconteça comigo também (não na hora do rush claro) algo que vem me deixando cada vez mais frustrada já que as únicas pessoas que fazem contato visual comigo no metrô são aquelas com potencial de me transformar em Elisa Samúdio (desculpa elisa mas não sei como escreve seu nome e não vou colocar no google pq né, não vale a pena).
Bom, então hoje no vagão das mulheres foi uma experiência à parte e eu dei estrelinhas mentais pra diversos frames dignos de nota pra escolher os mais inúteis e sem sentido pra compartilhar aqui e não acrescentar nada na vida de ninguém:
Logo que eu entrei tinha uma mulher sentada no chão. Primeiro achei que era uma criança, depois achei que ela tava passando mal e cheguei pra longe com medo dela vomitar no meu sapato, mas acabou que ela era só esquisita mesmo, e possivelmente anã, mas não tenho certeza (aliás, ou toda a população anã do planeta curte frequentar metrô nas mesmas horas que eu, ou eu ando classificando pessoas que são só feias e baixas demais como anãs por todos os cantos).
Como eu estava em um ambiente todo novo, eu precisava de uma forma para classificar aquelas pessoas que iam dividir o vagão comigo pelas próximas estações, resolvi segregar pelo cabelo. Gente com cabelo bom (ou pelo menos com cabelo que não parecia ter sido cortado pelo edward mãos de tesoura e alisado na chapa de fazer pão com manteiga na padaria) ficava do lado direito, gente com o cabelo citado entre parênteses do lado esquerdo. Essa logística tem uma explicação: Pra quem conhece as linhas de metrô do rio de janeiro sabe que agora eles inventaram um metrô que vai de ipanema até sei lá onde e outro que vai de botafogo até a pavuna, quem pega o metrô por exemplo em copacabana e quer ir pra pavuna tem que descer em botafogo e esperar o metrô verde chegar > essas são as pessoas do lado esquerdo do metrô. Minha conclusão foi: gente com cabelo ruim desce em botafogo pelo lado esquerdo.
Outro adendo que preciso fazer é que entrou um homem no carro de mulheres, o que foi meio esquisito primeiro porque, bom, o objetivo todo do carro das mulheres é evitar que homens tarados se aproveitem da situação de gente esmagada pra vocês sabem o que né, depois porque dai uma mulher na minha frente começou a falar com ele e eu quero muito imaginar que ela ficou chamando ele de tarado porque eles começaram uma troca de palavras bem ríspidas e assim que a porta abriu o cara saiu do trem e mudou de vagão, mas eu nunca saberei porque eu estava com o ipod no ouvido e a única conversa que eu ouvi entre eles foi a que eu inventei na minha cabeça.
Bom, enfim, depois de estar confortável com os parâmetros que estabeleci pras pessoas ao meu redor eu reparei que estava perto de uma das pessoas que mais se aproxima de uma caricatura que eu já vi na vida. Eu diria que ela era uma espécie de hippie/feminista/desempregada com um cabelo que não se encaixava em nenhuma das minhas classificações, mas que poderia ser descrito apenas com a palavra "frizz", com muitas bolsas e mochilas penduradas no corpo, vários colares de concha, uma calça com a barra dobrada pra ficar bem linda pescando siri (estranhamente combinando com um all-star que parecia novo) e, obviamente, sem sutiã (ela provavelmente tinha passado em alguma praça pública e queimado todos os seus antes de ir dar uma volta de metrô TUM TUM TSS). Mas o mais esquisito é que ela estava com um bloquinho na mão e não parou de escrever um segundo desde que eu entrei no trem até ela sair uma estação antes de mim. Eu fiquei achando que era alguma espécie de diário e toda vez que eu lançava um olhar pra tentar ver o que ela estava escrevendo ela me encarava e depois voltava e escrevia alguma coisa. Queria saber se ela escreveu que eu estava usando um brinco diferente do outro, ou se ela me colocou em alguma categoria de cabelo, coisas desse tipo, mas dai ela foi embora com o bloquinho e são grandes as chances de eu nunca mais ver essa pessoa de novo na vida e nunca saberei o que estava no bloquinho.
Certo, eu não tenho nenhuma moral de história, e isso aqui nem vai ter um desfecho interessante. Eu acho que até tinha pensado em algo digno de ser escrito enquanto estava de fato no metrô mas dai eu fui pra análise e foram muitos choques de realidade pra eu conseguir sair do estado Marlon Brando pra lembrar qualquer coisa útil pra escrever. Esse post foi mais pra deixar a dica pra alguém vir fazer comigo o musical da cinderella do metrô e fazer um approach naqueles banquinhos brancos cheios de bolinhas dos carros novos do metrô muito românticos e começar um bad romance pra um dia eu poder dizer que valeu a pena fazer análise as sextas-feiras e talvez nessa época alguém ache legal que eu escreva uma crônica pra algum jornal que ninguém lê pra contar essa historia de amor (que nunca vai acontecer) e encorajar um monte de garotas de todo o brasil a se iludir achando que vão encontrar um marido no metrô/ônibus/outros meios de transporte coletivo OLHA QUE VIBE.
p.s.: gente não me culpa se isso não fez sentido que meu analista falou que eu tenho que falar sem pensar e falar o que eu quiser que é assim que eu descubro os nuances dos meus pensamentos OLHA QUE LOKO, então é isso beijos

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

É preciso amar as pessoas como se elas não fossem filhas da puta

Olha eu to aqui hoje porque preciso esclarecer uma coisa que está entalada na minha garganta há algum tempo e eu nunca sei as palavras certas pra falar isso sem parecer extremamente babaca e escrota e eu morro de medo de gente que me conhece ler essas desgraças que eu escrevo na internet e me odiar mais do que meu potencial exige na vida real, mas enfim TO BOTANDO A BOCA NO MUNDO isso precisa ser dito e eu vou levar uma pelo time O TIME DA VERDADE (???).
É o seguinte, principalmente no universo feminino rola uma coisa meio louca de que pra você ser amiga de alguém você precisa ser completamente sincera, você tem que compartilhar cada detalhe da sua vida com aquele ser humano, você não pode odiar ninguém que aquela pessoa gosta por mais insuportavelmente chata que a pessoa seja e o mais importante, você não pode falar mal de ninguém (muito menos dela). Mas aqui vai uma novidade pra vocês meninas: TODO MUNDO FALA MAL DE TODO MUNDO. Pois é, chocante, eu sei, mas é verdade. Até mesmo aquela sua amiga pastora da sinceridade que quando vê você falando mal de alguém já vem logo dizendo "QUERO MORRER TUA AMIGA HEIN" ou "NÃO QUERO OUVIR VOCÊ FALANDO MAL DE FULANINHA PORQUE ELA É MINHA AMIGA E EU NÃO FALO MAL DE AMIGA" ou até mesmo "GENTE, SE VOCÊ FALA ASSIM DE FULANINHO DE TAL IMAGINA O QUE NÃO FALA DE MIM PELAS COSTAS" e outras frases de efeito que você pode encontrar em qualquer manual da boa amiga sincera na livraria mais próxima da sua casa. Mas então, ATÉ ESSA amiga sente impulsos elétricos incontroláveis pra fazer comentários ante a sandália gladiadora de uma professora que se veste esquisito ATÉ ELA ri convulsivamente por dentro quando ouve você comentando que um desafeto dela caiu da escada e rolou pela rampa na frente da faculdade inteira. TÁ NO NOSSO SANGUE GENTE NÃO DÁ PRA EVITAR, É TIPOS CIÊNCIA.
Ok pode parecer só mais um traço bitch da minha personalidade, deve até ser mesmo mas eu realmente li uma vez que a fofoca é uma parada que sobreviveu à evolução, que tipos o pessoal das pedras que fazia fofoca prevaleceu sobre o que se achava bom demais pra isso no meio da seleção natural, simplesmente porque fazer fofoca, por pior que o termo possa ressoar ao ouvido dos mais pudicos, une mais as pessoas, e eu não li isso tipos na caras não, foi em uma revista meio que científica até, daquelas mente&cérebro (pelo menos é uma das revistas mais sérias que eu leio, então me sinto obrigada a acreditar em quase tudo), dai dizia ainda que as pessoas se sentiam meio que fazendo parte de um grupo de uma unidade quando se uniam pra falar mal de uma outra pessoa e isso as favoreceu, as tornou mais fortes e coisa e tal. O QUE FAZ TOTALMENTE SENTIDO porque reflitam comigo sobre a seguinte situação: Fulaninha de tal é muito amiga de ciclaninha e de beltraninha, mas ciclaninha e beltraninha não gostam uma da outra porque tem ciúmes de fulaninha de tal, só que ai um dia fulaninha de tal vai lá e pega o namorado de ciclaninha que fica muito chateada, ao mesmo tempo beltraninha também está muito chateada com fulaninha de tal porque ela só dá atenção pro namorado novo e deixou ela de lado. O QUE ACONTECE?? ciclaninha e beltraninha que antes se odiavam se unem pra falar mal de fulaninha de tal É O PONTO EM COMUM ENTRE ELAS, É O ELO e constroem a partir dai uma linda amizade (sem fulaninha de tal que agora não tem mais nada a ver com elas porque por motivos óbvios não pode participar das fofocas). E VOCÊS ACHANDO QUE FOFOCA ERA UMA COISA RUIM NÉ? FOFOCA CRIA AMIZADES, SELA CASAMENTOS, CONSOLIDA UNIÕES É LINDO, além de todas as endorfinas e hormônios do bem que rolam enquanto você está ouvido um baphão sensacional né.
Não me entendam mal, com fofocas eu não quero dizer INVENTAR COISAS a respeito de outras pessoas, porque isso sim é uma tremenda filhadaputagem e se você acha que vai fazer migs assim sinto muito por te desapontar, mas quero dizer a pura e simples troca de informções, ou melhor, o livre fluxo de ideias e opiniões a respeito de uma terceira, ou quarta, ou quinta pessoa. Isso é simplesmente saudável.
Tudo bem, agora vão me chamar de maluca por estar me justificando por um comportamento socialmente inaceitável CAGUEI PROCÊS porque eu to aqui pela liberdade de expressão (e pelos homi bunito), vão lá todos dar uma meia hora de bunda pra ver se deixam um pouco a hipocrisia de lado e admitem que falam mal de geralzão também e que não tem nada de errado nisso.
Certo, eu não falo mal de GERALZÃO porque isso é um conceito muito amplo e tem muita gente que eu realmente gosto e que não vejo motivo nem necessidade de falar mal e também muita gente que eu até tenho motivo para falar mal mas que eu gosto o suficiente pra não falar mal de forma que essa pessoa sinta em algum nível de subconsciência que eu estou fazendo esse sacrifício e também não fale mal de mim (porque realmente minha boa fé vai muito impedir a língua alheia né, enfim), mas existe esse pequeno problema de todo mundo ser tão chato. Sim. Eu sou chata, você é chato, sua mãe, seu pai, seu namorado oxigênio, até o Marcelo Adnet que é tão lindo, engraçado e inteligente deve ser chato (e eu nem to forçando a barra). TODO MUNDO É MUITO CHATO. Mas na maioria das vezes a gente escolhe não ver isso, ou então a gente acha aquela pessoa tão linda, engraçada e inteligente (Marcelo Adnet SEU LINDO) que nem percebe as sutis chatices que compõem a personalidade daquela pessoa. Porém, se você convive com alguém por tempo o suficiente alguma dessas coisas que antes você antes não prestava atenção inevitavelmente vão te irritar É A LEI NATURAL DA VIDA. E ai é extremamente necessário que você use essa válvula de escape que é falar mal dos outros para poder continuar convivendo pacificamente com aquela pessoa que você tanto gosta (ou que você precisa aturar, porque né).
Todo mundo tem uma mania esquisita, fala uma coisa nada a ver, se veste de um jeito engraçado algum dia, fica com alguém muito feio no outro, todo mundo dá motivos pra você comentar, você só precisa escolher fazer isso de uma maneira saudável ou não. MANEIRA SAUDÁVEL (minha maneira): fazer piadocas exaustivamente sobre aquele tópico até se tornar sem graça ou outra pessoa fazer uma coisa mais ridícula com a qual você possa fazer piadocas, sem influenciar mentes pequenas caso você não goste da pessoa em questão (ou influenciando, caso aquela pessoa tenha sido bitch com você, porque ninguém é de ferro né) e sem deixar a pessoa perceber olhares pejorativos e risinhos descontrolados em sua direção DICA: invente apelidos. MANEIRA NÃO SAUDÁVEL: olhar de cima a baixo quando a pessoa passa, encarar a mesma e virar para o lado para fazer comentários, fazer todo mundo odiar aquela pessoa porque ela fez algo que você não gostou, contar coisas que foram engraçadas num tom sério só pra pessoa parecer ainda mais ridícula entre outros, essas são as chamadas fofocas corrosivas normalmente feitas por pessoas que se acham melhores do que realmente são e coisa e tal DICA: não se misture com esse tipo de gente, primeiro porque elas não são engraçadas, o que faz delas muito mais chatas que o normal, depois porque dai você vai parecer muito mais bitch do que a cota reservada para cada ser humano.
Ah sim, porque eu acho que cada pessoa devia ter uma cota para o quanto pode ser bitch dai se você passar dessa cota sim as pessoas podem começar a se afastar de você alegando que você é uma pessoa horrível e que não sabe ser amiga de ninguém sem ser falsa.
Então é isso gente, ninguém é completamente sincero, ninguém é completamente falso, todo mundo fala mal de todo mundo pelas costas, provavelmente todas as suas amigas já fizeram algum comentário meio bitch sobre você (e sobre mim) e é melhor você aprender a conviver com isso se quiser ter alguma madrinha no seu casamento.
P.S.: MIGS QUE ME CONHECEM E QUE POR VENTURA VENHAM LER ESSE POST: EU AMO VOCÊS, SÓ FALO MAL DE GENTE FEIA E MELEQUENTA (só falo mal de gente linda e glamourosa que trabalha em hollywood porque dai é inveja, não conta) E SÓ SOU AMIGA DE GENTE LINDA E SE EU JÁ FALEI MAL DE VOCÊ VOCÊ PROVAVELMENTE VAI SABER PORQUE EU NÃO SOU NADA DISCRETA E OLHO COM CARA DE CU PRAS PESSOAS QUE EU NÃO GOSTO (e gente que a gente não gosta todo mundo sabe que rola um livre-arbítrio incondicional pra falar mal né?) ENTÃO É ISSO UM BEIJO, NÃO ME ODEIEM.
P.S.2.: kibei o título de post de um tweet que eu não lembro de quem era to nem ai

quarta-feira, 21 de julho de 2010

vegetarianismo é como o Ipad, parece uma boa idéia no começo, mas você vai acabar sentindo falta de ler um livro de verdade

Eu ia fazer uma pequena introdução falando das incontáveis coisas que eu acho babaca no mundo mas, como vegetarianismo é um tópico que rende uma discussão interna muito extensa em mim, acho melhor ir direto ao assunto pra não ficar uma coisa tão paunocu quanto o próprio tema em si.
Você pode ser vegetariano por dois motivos primários:
(1) Porque você quer emagrecer. O que é um motivo aceitável, porque cada um tem sua idéia do que é fazer dieta e tal, ou seria, se as pessoas admitissem essa razão. Dou um beijo em quem me apresentar um vegetariano que admita que parou de comer carne porque queria emagrecer.
(2) Porque você quer ser cool. Algum dia um babaca foi lá e disse: "Eu vou parar de comer carne porque o ser humano nasceu pra comer folhas já que a gente tem muito mais dentes molares que caninos e porque, obviamente, assim vamos salvar o mundo. BABACAS DE TODO O PLANETA, UNI-VOS!" dai você achou esse cara muito sábio, achou o discurso muito bonito e resolveu mostrar que é uma pessoa consciente e engajada. O que é algo absolutamente inaceitável na minha opinião porque não venha me dizer que as vacas soltam metano demais e agravam o aquecimento global que eu e você sabemos que não é parando de comer carne que as vacas vão peidar menos. Ou você acha mesmo que a galera lá da pecuária tá muito triste porque você, ó ser humano iluminado, parou de comer carne e POR ISSO vai soltar uma vaca na selva para cada novo vegetariano que surgir no mundo? GENTE olha, se você não tá comendo as vacas que são suas por direito sempre vai existir alguém que vai comê-las por você, afinal, o rodízio do Porcão custa tipos uns 80 reais e eu nunca vi aquilo ali vazio.
Além disso, pensem comigo, a vaca e o frango foi um dos desenhos mais hits da minha infância e eles comiam o que eu tenho quase certeza que eram bundas de seres humanos ao invés de frangos de padaria (por motivos óbvios), dai vocês acham que se um dia as vacas e os frangos dominassem o mundo não ia rolar um churrasco de humanos com as coxas bem torneadas de um jogador de futebol servidas com farofa e molho à campanha? Não se iludam que eu tenho certeza que na primeira oportunidade que eles tiverem eles transformam a gente em nugget. As vacas e os frangos tão cagando pro aquecimento global mas dai se você quer mesmo salvar o mundo porque não vai lá recolher lixo do oceano que isso sim é uma merda? porque não vai ajudar a limpar a lagoa? defender as baleias? convencer o obama a distribuir energia solar para o mundo inteiro de graça e parar de sugar todo o petróleo do planeta? Agora, dizer que parou de comer carne pra fazer sua parte pelo mundo ajuda tanto quanto comprar lixeiras coloridas e depois juntar todo o lixo num saco só, quer dizer
Existem também motivos que eu considero secundários para uma pessoa se tornar vegetariana:
(3) Porque você não gosta de carne. Por mais difícil que seja entender como pode existir alguém que não goste de carne eu consigo acreditar que isso seja verdade já que eu mesma não gosto de peixe nem de nada que vem do mar for that matter e tenho que aguentar os olhares incrédulos das pessoas sempre que falo isso como se eu tivesse dizendo que nasci em outro planeta e kriptonita me deixa fraca, por isso consigo aceitar quando alguém diz que não come carne porque simplesmente não gosta (apesar de meu cérebro achar isso um ultraje ante os repetidos estimulos que ele envia às minhas glândulas salivares só de pensar em uma picanha).
(4) Porque você tem pena/acha errado/acha chato a forma como eles matam os animais pra eles chegarem na nossa mesa e coisa e tal. Pois é, eu também acho horrível, não sou uma pessoa completamente insensível, consigo entender que tenham várias coisas erradas nesse processo todo. E tipos se colocarem um carneiro inteiro na churrasqueira e me oferecerem um pedaço eu vou achar meio difícil comer aquilo olhando pros olhos tristes do bicho ali do lado. Agora, se o negócio vem ali embalado, pronto pra ser jogado na panela e devorado eu sou mais a favor da teoria "o que os olhos não vêem o coração não sente". Isso faz de mim uma pessoa horrivel e sem valores morais? Talvez, mas vou deixar vocês com a realidade que se nosso amigo homem das cavernas tivesse ficado com peninha de matar os bichinhos e comesse apenas folhinhas e cenourinhas é bem provável que darwin tivesse escolhido outro bicho mais esperto e carnívoro pra ser o dono desse mundo aqui, então né, no mínimo é preciso reconhecer que comer carne foi uma das coisas mais inteligentes que o homem fez depois da tv digital, porque né.
Ok, mas se depois de poderar todas essas questões você ainda assim escolheu que não vale a pena viver compactuando com esses assassinatos, que deus disse "não matarás" e não especificou que isso só valia pros seres humanos, que os bichos tem sentimentos e todo aquele papo biodesagradável tá tudo bem. Você não precisa ser um ser humano menos completo por causa disso, realmente existem outros prazeres alimentares, existe vida após o vegetarianismo, eu até curto essa coisa toda de soja e beringelas recheadas e tudo o mais, sei que pode não ser tão ruim apesar de tudo o que eu acabei de falar. Agora, o que absolutamente foge da minha capacidade de compreensão são os vegans, aquelas pessoas que não satisfeitas em apenas não comer carne também não comem nada derivado de animais. Tipos como essa pessoa vive sem comer QUEIJO meu deus?? e chocolate?? e pizza?? e sorvete?? e pizza de chocolate com sorvete?? Sério, dá mesmo pra uma pessoa ser feliz assim? Certo, você provavelmente vai ser magralinda e ter um intestino que funciona melhor do que o de toda a comunidade activia junta, mas realmente vale a pena trocar dezenas de delírios gustativos por alguns movimentos peristálticos a mais?
Eu só queria mesmo entender a lógica por trás disso tudo. Esse ser humano de luz acha mesmo que eles vão parar de tirar leite da vaca porque ele resolveu que isso é errado? Eu sou bem mais a favor que esse senhor ser humano consciente vá lá e recicle todas as caixinhas de leite do supermercado, ou que passe calor no verão e fique sem ligar o ar condicionado, ou que tome um banho rápido pra economizar água e até quem sabe compre uma fazenda e deixe as vacas serem felizes e inúteis como nós que não servimos de alimento pra ninguém.
Enfim, isso é só um exemplo de como eu posso ser babaca a respeito das coisas que eu acho babaca, ninguém precisa me dizer isso caso não concorde com nenhuma das besteiras que eu escrevi. E olha, eu tenho amigos vegetarianos, ninguém precisa chamar a sociedade protetora dos vegetarianos pra me prender porque eu juro que eu não tenho nada contra, é só uma daquelas coisas que eu não quero pra mim, tipo aids, nada contra quem tem, só ia achar meio chato se eu tivesse, ou se um filho meu tivesse, fora isso podem continuar não comendo carne que sobra mais bacon pra mim, whatever.

domingo, 4 de julho de 2010

I can(not) ride my bike with no handlebars

férias desperta um sentimento de que você precisa fazer alguma coisa pra mudar o que está errado na sua vida. Aquela semana fatídica que precede o período das férias funciona quase como uma véspera de ano novo em que você faz um tanto de promessas que você sabe que não vai cumprir, mas faz assim mesmo porque isso pelo menos faz com que sua consciência fique mais leve, mesmo que isso não aconteça com seu corpo também. Ah sim, claro, porque pra mim tanto as resoluções de ano novo como as de férias estão relacionadas àquela velha história de "NÃO, VOCÊS VÃO VER, EU VOU PRA ACADEMIA TODO DIA E NÃO VOU COMER MAIS DE 500 CALORIAS POR DIA, VOU EMAGRECER HORRORES VAI SER ÓTIMO, NINGUÉM VAI NEM ME RECONHECER" e tamos ae.
Juro que nem consigo imaginar o que as outras pessoas prometem nessas ocasiões porque eu faço essa mesma promessa desde que eu tinha sei lá 12 anos e meu pediatra me traumatizou dizendo que eu era uma baleia assim numa vibe choque de realidade mesmo, porque aos 12 anos eu me achava a coisa mais linda do mundo e olha, não era bem assim, mas não era bem assim MESMO. Todo mundo teve aquela fase pré-adolescente em que pelo menos por um dia você foi a pessoa mais feia a andar sobre a face da terra, até outro pré-adolescente tomar seu lugar, fase essa que eu, infelizmente, sou obrigada a lembrar todos os dias em que entro na casa da minha avó e vejo aquela pessoa gracinha que eu era povoando todos os corredores toda linda ampliada e emoldurada, como se já não fosse ruim o suficiente as pessoas me conhecerem nos dias atuais né, e olha eu me acho ruim hoje, mas eu tenho CERTEZA que daqui a uns anos eu vou olhar pras minhas fotos de hoje (também ampliadas e emolduradas nas paredes da casa da minha avó) e falar "NOSSA, COMO EU TINHA CORAGEM DE SAIR DE CASA ASSIM?", mas tá.
Bom então, nessas férias eu entrei nessa mesma vibe de sempre e disse "É ISSO, É AGORA, VAMOS TOMAR UMA ATITUDE" e ai resolvi que ia ser uma ótima idéia fazer uma coisa que as pessoas vêm fazendo desde que jesus ainda tava vivão e que parecia muito simples: ANDAR DE BICICLETA.
Pois é, andar de bicileta parece lindo mesmo. Você vê os pais ensinando seus filhos pequenininhos andando de bicileta, tirando as rodinhas, parece uma super conquista, uma coisa linda. Eu aprendi a andar bem tarde com uns 9 ou 10 anos, com minha prima me ensinando na garagem do prédio e com muitas cicatrizes pra mostrar, mas me sinto meio que orgulhosa por saber fazer alguma coisa assim (quer dizer eu não sei muito bem, mas sei e isso que importa) porque até hoje sempre que chamo alguém pra andar de bicicleta comigo tenho que ver aquela pessoa com os olhos tristes me dizendo "pois então, eu não sei andar de bicicleta" e ai eu fico toda "yay, essa pessoa pode ser a chefe executiva da puta que pariu mas eu sei andar de bicicleta e ela não uhul HOW ABOUT A ROUND OF APPLAUSE EVERYONE?"
Mas enfim, parece bem legal mesmo, principalmente quando você está andando a pé na lagoa e vê a galera tocando aquela sinetinha pra te ultrapassar, com o vento batendo no cabelo e o ipod no ouvido HAVING THE TIME OF THEIR LIVES e ainda emagrecendo e ai fala PRONTO TAÍ, ESSE VAI SER MEU NOVO MÉTODO!
Bom, então, ai vai uma dica: não ande de bicicleta se achando a rainha sobre rodas caso você tenha pago três meses de academia e não conheça nem o interior da mesma AKA se você for a representante da preguiça na terra AKA se você for como eu. Primeiro porque não é tão lindo assim, essa coisa do vento batendo na cara das pessoas disfarça o fato de elas estarem suando como porcas loucas e você só percebe isso quando é você que está suando como uma porca louca sob esse sol do bem do rio de janeiro (porque eles não alugam bicicleta depois das 6 horas e eu não tenho bicileta então é no sol mesmo que eu tenho que andar) e todo mundo olha pra você como se perguntasse se você está precisando de uma ambulância (pincipalmente pra mim que sou um pouco branca assim de leve e fico um pouco vermelha também assim de leve quando faço exercício).
O negócio do ipod também é uma ilusão, porque até faz um clipe legal você andando e ouvindo aquela música foda que combina com o cenário e tudo o mais, mas o shuffle é um filho da puta e sempre coloca pra tocar tipos renato russo naquela subida quando deveria estar tocando la roux e eu não tenho coordenação motora pra trocar de música enquanto estou pedalando sem cair da bicicleta lindamente e parar no cantinho da pista além de deixar os amiguinhos que vem atrás de você meio chateados também acaba com todo o seu ritmo frenético de adrenalina e endorfinas (que ritmo frenético?)
Depois que eu não sei como é aonde vocês ai moram, mas a lagoa é uma coisa louca de ladeiras e descidas e buracos e rampas e pessoas e árvores pra você desviar que não é de deus. Na boa, aquela coisa do spinning que a moça nazista que fica só sentada na bicicleta enquanto você tá morrendo ao som de I gotta feeling que manda você simular uma subida e que parece dificil pra cacete e você tem vontade de mandar ela fazer algo anatomicamente impossível com a garrafinha d'água NÃO É NADA comparado a uma subida de verdade onde TODO MUNDO que está passando pode ver que você não está conseguindo subir e está quase descendo da bicicleta e empurrando a bicha até chegar na descida de novo onde você não precisa mais pedalar como se tivesse um elefante nas suas coxas. E, pra melhorar tudo, não sei se é o meu super preparo físico ou se isso acontece com todo mundo, mas depois de dois dias de ir lá andar de bicicleta eu to com uma dor num lugar da bunda que eu nem sabia que existia e que não sei nem explicar onde é, e é uma dor louca que faz você andar meio como se estivesse assada e que é uma coisa meio constrangedora (principalmente pelo fato de que passar hipogloss nesse caso não adianta em nada, acredite, eu tentei).
E sabe o que é pior? sempre que eu começo nessa vibe de fazer exercício e ser saudável e coisa e tal eu acho que porque estou queimando altas calorias tenho o direito de consumir o dobro do que o normal ou então comprando mil gordelícias no mundo verde e me achando super light só porque a loja é verde e tal (meu cérebro sempre trabalhando super a meu favor) e ai acabo engordando e voltando das férias o oposto do que eu queria e cada vez mais distante daquela calça de 2007 que eu guardo até hoje na esperança de né, quem sabe um dia...
Bom, então tamos ae agora nessa esperança de que algum dia NUM FUTURO PRÓXIMO alguma alma boa vai me dar umas coisas lindas que parecem ser esses moderadores de apetite e eu vou, finalmente, poder me concentrar apenas nos meus problemas psicológicos, porque isso ai já é outra história e acho que nem perdendo uma tonelada em uma semana vamos resolver assim tranquilinho né ppl? não que eu tenha muitos problemas, eu acho que eu sou uma pessoa super bem ajustada, só queria ver se no reveillon de 2010/2011 a minha resolução possa ser sei lá, OLHA COMO EU NÃO CONSIGO NEM PENSAR EM NADA, alguma coisa diferente da de sempre e ficar linda pra 2012 porque vai ter todo aquele evento do fim do mundo e coisa e tal e eu quero conhecer JC bem gatinha porque ele parece ser um sucesso ai pelo que eu ouço dizer da época que ele tava por aqui.

sábado, 26 de junho de 2010

Oi, meu nome é costrangimento, prazer em conhecê-lo

Conhecer gente nova é algo muito legal, todo mundo gosta de conhecer gente nova, todo mundo gosta de adicionar mais um contato na lista do msn e receber uma atenção inédita por um determinado período até que aquela pessoa nova OU deixe de te achar interessante e te dê um block não só no msn mas também na vida OU atinja um grau de intimidade que permita com que ela te ignore no msn e se limite a falar o essencial ou as vezes nem isso né, porque amigos normalmente podem se telefonar ou se ver pessoalmente a hora que bem entenderem, o que invalida um pouco essa coisa funcional que antes era a internet para manter aquela relação, o que por um lado é bom já que isso significa que você vai ter mais alguém para quem mandar seu convite de casamento (se algum dia você chegar a casar), mas por outro é ruim já que a internet para a maioria das pessoas funciona como uma forma de auto-afirmação e se você não recebe essa dose de atenção necessária online IMAGINA o estrago que isso não causa no interior de uma pessoa. Mas tá, essa coisa online é outro assunto bem mais complexo que eu nem vou ousar aprofundar mais porque tenho medo de me identififcar muito e ai acaba com todo o meu trabalho psicológico de me tornar uma pessoa melhor (não que isso esteja funcionando muito bem, mas enfim TAMOS AE).
Só que olha que dessa vez eu nem to falando de mim, porque eu gosto muito mais de conhecer pessoas pessoalmente, apesar de gostar de me sentir amada na internet também, mas é que eu realmente curto essa coisa de contato humano e coisa e tal, apesar e eu dar a entender que sou uma pessoa bem anti-social (o que só é verdade em casa porque eu não preciso fazer média com meus pais porque ele vão continuar me amando pra sempre no matter what, ou não né, mas anyways) e eu não sou, sou até bem sociável depois que eu conheço as pessoas (mas AÍ é que se encontra o problema).
Então, conhecer gente nova é muito legal sim PARA QUEM SABE INTERAGIR SOCIALMENTE COMO UMA PESSOA NORMAL. Vou explicar. Tem gente que nasce com um gene da comunicação, você pode jogar essa pessoa no meio do maracanã pra entreter o pessoal antes do show sei lá da ivete que enche bastante que essa pessoa vai e conversa com aquela galera toda na arquibancada como se não fosse nada demais, sendo cool e casual sem nem precisar tentar e ai acaba que até consegue o telefone de alguns, até desenrola uns love affair com outros, é assim. Tem gente que simplesmente nasce com o talento de ser popular, tem gente que simplesmente não precisa fazer faculdade de nada, só abrir a boca e deixar essa coisa louca chamada carisma fazer o trabalho por si só, são aquelas pessoas que aprendemos a odiar no ensino médio e que achamos que nunca mais precisaríamos encontrar depois que entrássemos na vida de fato. mas taí: CARISMA essa é a palavra-chave do dia, da vida até talvez.
Porém, para a grande maioria das pessoas (acredito eu) conhecer gente nova implica nervosismo, sudorese intensa, silêncios constrangedores, piadas sem graça e tentativas exageradas de parecer uma pessoa legal, resultando quase sempre em um unfollow na vida, pois nem todo mundo entende os mecanismos fisiológicos que fazem com que a pessoa se torne exatamente o oposto daquilo que realmente é (ou tenta ser). Pra falar a verdade eu acho que se a gente acabasse com aquela coisa de A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA todo mundo teria muito mais amigos, eu principalmente, porque OLHA tá pra nascer pessoa pior pra deixar boas primeiras impressões que eu.
Não sei como isso aconteceu exatamente. Quando eu era pequena minha mãe me levava no clube, me largava na piscina e no final do dia eu saía de lá com uma penca de criancinhas pedindo pra minha mãe deixar eu ficar mais um pouquinho. E eu lembro muito bem que eu só chegava e falava "OI, MEU NOME É CAROLINA, QUAL O SEU NOME?" ai a outra criancinha falava o nome dela e eu virava e falava "QUER BRINCAR COMIGO?" ou "POSSO BRINCAR COM VOCÊ?" e assim COMO MÁGICA a gente virava migs de infância (literalmente) naquela tarde na piscina.
Tudo bem que seria muito estranho eu ter esse tipo de diálogo com qualquer pessoa nos dias de hoje, eu provavelmente iria presa ou algo assim. Quer dizer, não exatamente presa porque eu não ia falar isso com crianças, mas é bem possível que não fosse ser uma coisa bem vista.
Mas eu só queria entender o ponto da vida em que deixou de ser fácil causar boa impressão e toda essa aura em volta de uma pessoa desconhecida se tornou tão hostil a ponto de você precisar estar com o cabelo sem frizz praquela pessoa considerar uma amizade futura com você. (ok é sempre bom estar com o cabelo sem frizz, porque não é legal ter frizz perto de ninguém, mesmo já conhecendo a pessoa. todo mundo olha meio esquisito pra gente com frizz e eu sei bem disso porque eu já fui a RAINHA DO FRIZZ ~ SÉRIO!! fotos do meu aniversario de 15 anos não mentem, o halo de frizz em volta da minha cabeça era quase um continente à parte ~ bons tempos) Enfim, falei do frizz porque não consegui pensar me nenhum outro bom exemplo, mas era só pra mostrar como tipos tudo tem que ir perfeito numa primeira vez que você encontra alguém pra que aquela pessoa te dê um feedback positivo.
É muito difícil viver num mundo em que você não pode ter pausas constrangedoras e falta de assunto com uma pessoa que você mal conhece pra ela gostar de você, tipos ÓBVIO QUE TEM QUE FALTAR ASSUNTO -> VOCÊS NÃO SE CONHECEM!! Estranho pra mim é falar sem parar, é sinal de que as pessoas tão naquele esquema TRYING TOO HARD e ai você sabe que aquela pessoa não vai ser assim pro resto da relação de vocês, ela só foi muito boa na primeira impressão e olha, eu já dei minha opinião sobre primeiras impressões. Pra mim o que conta é tipos a terceira impressão, porque a terceira vez que você vê uma pessoa ela já está à vontade o suficiente com você para ser ela mesma OU NÃO, o que também é um indicativo de que ai o problema realmente é com aquela pessoa e não com você e ai não vale mesmo a pena levar aquilo adiante porque será uma vida de pausas constrangedoras e aí ninguém também quer isso né?
Ah uma coisa que é importante de se saber para situações em que se está conhecendo gente nova é a seguinte: ALCOOL NÃO AJUDA! é sério. pode parecer muito útil a princípio, até É muito útil se você souber usar na dose certa, apenas para servir como um propulsor sabe, como aquele empurrãozinho pro carro pegar e mais nada, porque se você perde a noção daquela coisinha básica e fundamental que muitos pais esquecem de ensinar aos filhos chamada ~ limite ~ acaba fazendo com que você pareça muito mais ridículo do que pareceria normalmente sem aquilo (ou não, nunca saberei). Na verdade eu não sou bom exemplo pra ninguém, porque eu costumo estragar amizades e relacionamentos e qualquer outro tipo de interação social com uma facilidade tão grande, sóbria ou não, que às vezes acho até útil ter um aliado com o qual dividir a culpa, para pelo menos ter o consolo de pensar E SE, o que não existiria se o cenário fosse a sobriedade certo? MAS EU NÃO RECOMENDO, SE BEBER NÃO DIRIJA E COISA E TAL. prestem atenção nisso de verdade porque agora acho que eles tão fazendo sério essa coisa de lei seca (eu não sei porque eu não tenho carro AINDA, mas quando eu tiver juro que não vou beber e dirigir pai, mãe, senhor policial).
Mas olha, fiquem tranquilos, não to dizendo isso pra assustar ninguém, não fiquem com medo de interagir com gente nova porque é muito legal depois que passa essas primeiras horas cruciais que irão definir todo o destino com aquele outro ser humano a partir dali, sério é super normal. E ai depois se não der certo mesmo coloquem sei lá a trilha sonora de Mamma Mia pra tocar e don't worry be happy porque olha, se eu ridicula desse jeitinho que eu sou que demorei uns 6 meses pra conseguir fazer amizades depois que entrei na faculdade to aqui vivona com meus migs que me dão péssimos conselhos e me fazem estragar tudo ainda mais me falando pra eu ser eu mesma em situações novas COMO TEM QUE SER, tem esperança pra todo mundo. sério ouçam mamma mia que essa trilha sonora é muito boa e faz você sentir que você faz tudo certo ai na vida FOR REAL, ou então assistam o filme, só que é musical e nem todo mundo gosta de musical, mas tem a Meryl Streep e cara ela é DIVA, então vale muito a pena.
Então, é isso, só queria mesmo compartilhar esse pensamento com vocês porque acho válido que vocês estejam preparados ae pra essas novas situações da vida melhor que eu, OLHA COMO EU SOU UMA PESSOA FOFA E LEGAL, e vou aproveitar pra agradecer a todos os que são meus amigos hoje em dia e superaram aquele inicio dificil em que eu pareço um marcos mion on drugs tentando ser legal e blasé ao mesmo tempo e tão ai convidados pro meu casamento que nunca acontecerá e sendo curtos e grossos no msn comigo porque sei que isso que é sinal de amor de verdade <3
P.S: olha eu não sei nem do que eu tô falando, se você não me conhece e essa é a primeira vez que você está lendo algo sobre mim não fique com uma má impressão, me dê um pouco mais de tempo pra te convencer que realmente não vale a pena me conhecer melhor =))