quinta-feira, 7 de julho de 2011

Como no cinema

O velho sem uma perna andando de muletas no fundo da sua foto, para sempre ficará sem perna, com um clique você imortalizou a sempernice do velho em código binário e, pior, colocou-o em exposição no papel de parede do seu computador, junto com suas próprias deficiências. Você nem saiu tão bem assim na foto, liberte esse pobre velho incompleto, quem sabe ele só precisa de um pouco da sua energia para competir nas paraolimpíadas.
Vendo fotos você nunca vai imaginar que aquelas pessoas já estiveram peladas na cama de uma outra - na minha cama - espalhando pelo chão de um quarto - do meu quarto - essas mesmas roupas que as deixam tão comportadas no retrato. São esses flashes puritanos que paralizam a inquieta inocência no lugar e colocam-na de volta aonde a sociedade exige que ela deva estar, nos sorrisos de cheese e abacaxi, em todos os seus dentes, tão inocentes para todos que os vêem nos álbuns, menos para mim, que há pouco ainda os sentia furiosos, arrancando enormes pedaços de carne dos meus quadris.
Você nem pode imaginar quantas foram as vezes, por essas fotos ingênuas e pintadas de xadrez, tantas perturbadas vezes, em que não aguentei ficar parada esperando suas respostas e, através de lentes, te comi, não preciso mais de garfo e faca, te como com as mãos, como em um romance.

4 comentários:

  1. bonito de um jeito perturbador

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  2. Bommmmmmmmmmmmmmmm D+++++++++.......
    Parabéns!!!!!!!!!!

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  3. Diferentemente diferente, mas muito bommmmmm....... Parabéns pelo seu jeito de escrever, ....

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