quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Preparar para o pouso

Que infeliz é o amor que chega sem aviso, sem destino, sem condições apropriadas para o pouso. É um amor prontinho para fincar os pés no solo e dormir em sua própria cama, um amor cansado de ver a cidade do alto e todos os seus habitantes tão pequenininhos, o amor que já conheceu o mundo e que está apenas à espera da tempestade passar. É um amor tão bom quanto todos os outros, porém escolheu o dia errado para voar, escolheu o local errado para pousar, foi cometendo erro atrás de erro, desde o seu horário de partida até a escolha da tripulação e a comida do jantar.
Que triste é o amor que provoca o pânico dos seus passageiros, causa suspiros e gritos abafados todas as vezes em que tenta descer rumo à terra firme, o amor que ronda e ronda a pista de pouso, mas não consegue enxergar absolutamente nada, que vida miserável essa do amor cego pela neblina e com medo de colidir com outros amores.
Tripulação, preparar para o pouso.
Pouso não autorizado.
Atenção para a demonstração dos procedimentos de emergência para quando o amor (inevitavelmente) despencar no meio do mar, máscaras de oxigênio não serão necessárias, apenas tenha a certeza de ter algo no qual se agarrar.

2 comentários:

  1. Acho que não tenho mais palavras pra explicar o quanto amo os seus textos.

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  2. muito obrigada por este poema, Carol, vc não tem noção de como falou comigo e me ajudou :)

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