domingo, 26 de fevereiro de 2012

Coração no bolso

Gostaria de colocar o coração no bolso enquanto jogo essas intermináveis partidas de tênis com minhas próprias vísceras. Estou tentando cortar a carne em cubos perfeitos para que você coloque no pão e faça um sanduíche bem torto, cheio de pedaços caindo pelas beiradas; meu estômago mal-passado parece ser o que você mais gosta.
Engoli daquela sua terra com larvas de borboletas e pela minha boca saíram ramos e folhas de bananeira, brotos de feijão presos nas narinas os quais nem mesmo posso me atrever a tirar, pois é falta de educação, “Olhe esta menina sem boas maneiras cutucando o nariz”, “Mas estou apenas tentando me livrar de um broto de feijão que plantei sem querer no estômago”; ninguém acredita e tenho que andar pelas ruas me esquivando dos jardineiros e podadores de árvores para que, meu Deus, não me arranquem o nariz.
Ando, então, aos tropeços, como uma criança que assistiu a um filme de terror desacompanhada e que agora vê atividades paranormais em cada brisa que lhe balança os cabelos. Peço, por favor, para que segurem meu coração enquanto corro atrás do ônibus, para que não deixem que ele caia no chão, mesmo ele não sendo de ninguém, ainda sinto que preciso cortá-lo simetricamente e cozinhá-lo um pouco mais para que quem tome o próximo pedaço não passe mal logo na primeira mordida. Puxe esta árvore que cresceu dentro de mim pelas orelhas, me ajude a devolver os filmes de monstros que aluguei, preciso encontrar alguém que segure meu coração enquanto termino de me escaldar em óleo fervendo para a próxima refeição, alguém que segure meu coração até que eu esteja pronta para voltar e buscá-lo.

2 comentários:

  1. Realmente Magnífico. Não tenho mais palavras para descrevê-lo. Parabéns.

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  2. http://justaphase1.blogspot.com.br/2012/03/e-voce-ja-morreu-hoje.html#comment-form cuidado hein

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