Refaço meus passos para tentar reencontrar o que perdi; volto à padaria, ao mercado, ao shopping e ao salão, recupero moedas e elásticos, mas se confundem com o asfalto os pedaços do meu coração. A musculatura é cinza, falta à ela o oxigênio que respiraram por mim, só o que posso fazer é colocar algodão para preencher os espaços vazios (cheios de necrose). Sei que o esperado era que eu me desfizesse em areia ou que de mim vazasse um líquido qualquer, jamais algodão, algodão é difícil de empurrar de volta para o lugar, principalmente quando não há pele o suficiente para me fechar.
Reescrevo diálogos, em prosa, reafirmando a necessidade de um ponto final, uso os recursos do mercado negro para tentar trocar todos os meus órgãos pelo seu coração, não adianta, a fila para o transplante é maior do que o tempo que me resta e o fim já nos espera sentado - foi preservado com cuidado em tanque de formol.
Relembro dos erros e espero ansiosamente pela sua revolta, pois, para o último ônibus, só vendiam passagem sem data de volta.
tá triste, carol?
ResponderExcluirgente
ResponderExcluirQue espanto!!!!
ResponderExcluirPulei de susto assuntador.
ResponderExcluirFoi mal....
Está desiludida?
ResponderExcluirEstá?
Existe remédio para isso e como existe.
vou falar o que?
ResponderExcluircê é linda, menina.
texto maravilhoso sobre um coração em pedaços
ResponderExcluirmuito lindo mesmo, parabéns
http://saiadeflorbm.blogspot.com/
o duro é quando você automaticamente refaz seus passos - e sentimentos - e tudo o que quer é esquecer de tudo, mas o corpo não deixa.
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