terça-feira, 28 de setembro de 2010

A cor dessa cidade sou eu (risos)

Hoje estava conversando com uma amiga minha e estávamos tentando imaginar como seria a casa do moço da lanchonete da faculdade quando ela disse algo do tipo "aposto que ele tem aqueles pratos marrons transparentes e copos de requeijão" (...) fui obrigada a avisar pra ela que a MINHA casa está cheia de pratos marrons transparentes e copos de requeijão, copos de nutella com desenhos do bob esponja inclusive e quase quis acrescentar que meu sofá também é ornamentado com almofadas que eu casualmente roubei da primeira classe de um avião (dando um enfoque para o detalhe de que eu nunca viajei de primeira classe em toda a minha vida).
Foi um momento levemente constrangedor, especialmente pelo fato de que a maioria das pessoas na minha faculdade vive com uma renda mensal equivalente ao PIB da etiópia (é o país mais pobre que meu limitado conhecimento geográfico me permitiu pensar) e eu, bem, eu não. Com isso não estou dizendo que eu seja pobre, é claro, só estou dizendo que eu não seria um bom investimento para um sequestro relâmpago por exemplo, e que ninguém se casaria comigo por interesse (ou por qualquer outro motivo, já que estamos nesse assunto).
Mas então, lá estava eu me sentindo um tanto quanto pobre de espírito (o que seria uma coisa boa se eu vivesse em tempos bíblicos) indo pegar um ônibus para voltar para casa (porque como se rainy days and mondays não fossem o suficiente pra me deixar down minha carona resolveu que ia dar uma volta no rio de janeiro depois da aula e não ia poder me deixar em casa) quando, ao passar pelo estacionamento do supermercado em frente ao ponto de ônibus, o faxineiro que varria a rua gritou pra mim "bom serviço", eu juro que tentei ignorar com todas as minhas forças mas ele fez questão de repetir e eu fui obrigada a olhar e perguntar "QUE? VC TÁ FALANDO COMIGO É?" ai ele repetiu mais uma vez e eu, bem resolvida do jeito que sou, respondi "TO INDO PRA CASA ÔU" só sei que depois ele estava perguntando meu nome e dizendo algo sobre fazer novas amizades enquanto eu corria desesperada pra parar de responder o homem tentando fazer sinal pro ônibus que, obviamente, não parou.
Esse foi um daqueles momentos em que eu realmente senti a necessidade de gritar "SOU RYCAH" dentro de uma louis vitton (de outra pessoa, é claro) e lamber a tampinha de alumínio de um iogurte pra me sentir melhor comigo mesma.
Vou pular a parte em que a trocadora do ônibus colocou minha nota de 20 reais contra a luz pra conferir se era verdadeira porque estou exaltando demais meu lado suburbano e quero acreditar que tudo isso foi apenas a consequência de uma pequena falha na escolha de roupas para o dia de hoje (porque mentir para si mesmo é a melhor forma de mentir).
Bom, enfim, vamos passar para a parte menos traumática da minha manhã.
O ônibus, para mim, está empatado com o banho como melhor lugar para se pensar na vida, com a diferença de que no ônibus eu fico um pouco nervosa de que tenha alguém ali dentro com a capacidade de ler pensamentos e veja as coisas horríveis que eu penso sobre todo mundo ao redor (não que eu realmente ache que alguém que consiga ler pensamentos vá andar de ônibus - quanto mais ESSE ônibus).
Mas o que eu mais gosto no ônibus é o baixo percentual de pessoas bonitas que frequenta o mesmo. Ok, isso parece meio estúpido, vou explicar: quando você está num meio em que a maioria das pessoas está acima da média de beleza, se você não compartilhar essa bela genética também, os momentos de deslumbramento com todo aquele contingente de cabelos lisos naturais e arcadas dentárias completas vai logo ser sombreado pela assimilação de que provavelmente todas aquelas pessoas estão fazendo comparações mentais entre os presentes e você está perdendo, uma coisa que não acontece por exemplo num ônibus em que grande parte das pessoas tem cheiro de vestiário de academia e usam malhas pequenas demais para muito corpo e aonde você pode olhar para cada um que passa pela catraca e que está andando pela rua abaixo de sua janela e classificar mentalmente "feio, feio, feio, feio, feio, feio, feio" e observar sua auto-estima que antes estava jogada às traças ir crescendo um pouco durante aquela hora sem ar-condicionado até você chegar no seu condimínio cheio de emergentes da zona sul vestindo roupas de lycra que marcam cada músculo que você nunca vai ter e se despedir da sua amiga auto-estima de novo.
Bom, como eu já perdi o foco do que eu estava falando vou deixar de ser injusta e dizer que eu gosto de viagens de ônibus também pelo fato de que eu posso ouvir música e criar clipes mentais com os cenários que vão passando pela janela e fingir que não ouvi o celular por causa do barulho do ônibus e até ler uns livros pelos quais eu ia receber olhasres de reprovação em qualquer outro lugar (mas isso é claro é só no ônibus do condomínio onde eu posso colocar fones de ouvido sem ter medo de que algum desempregado vendedor de balas de tamarindo vá arrancar minhas orelhas no caminho e aonde tem ar-condicionado porque eu sinto muito calor e não sei ouvir música com meu cérebro fritando).
Então é isso, a moral da história é que todo mundo tem que trabalhar pra poder comprar um carro e ser feliz para sempre ajudando o brasil a ultrapassar o limite de emissão de carbono um dia de cada vez, porque vai que o mundo acaba mesmo em 2012 e a gente ficou esse tempo todo andando de ônibus se preocupando com o aquecimento global à toa né (mas continuem reciclando e tal, whatev)
p.s.: achei que não ia precisar de um título muito a ver com nada já que eu não tive muita coisa pra falar nesse post dai eu to com essa música na cabeça desde que acordei e acho que todo mundo anda esquecendo que daniela mercury existe então tamos ai prestando uma homenagem, arrancando pequenos pedaços de pele do couro cabeludo a cada vez que meu cérebro insiste em repetir o refrão dessa música :)

16 comentários:

  1. gostei muito do seu estilo de escrever e de sua idiossincrasia. Ri muito com o texto.

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  2. kkkkk ai ai, eu gosto de gente assim, sabe?! esse estilo de escrever.
    Curti demais o texto.

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  3. Mto bom d novo!!
    "feio,feio,feio,feio,feio.."KKKKKKKKKKKKKK ;D

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  4. eu tb criava clipes olhando pela janela do ônibus, mas como agora eu tenho carro isso eh passado. kkkk, anyway. Dei mta pala, mta msm.

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  5. Carol... vc é incrivel. Escreve fácil, mto bom ler os seus posts e tweets tbm. Parabéns!!

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  6. Não acredito que eu não sou a única pessoa que tem medo que alguém no ônibus possa estar lendo meu pensamento!!!

    Adorei o post!!

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  7. Maneiro o jeito como você escreve e como consegue dar um ar mais suportável e engraçado a situações nem tão engraçadas assim. rs.
    E criar clips mentais com os cenários que vão passando é dimais. Faço isso direto.

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  8. HAHAHAHAHAH , cra o povo da minha cidade é teu fã , conheço um 5 que não passa um dia sem ler seus post *_*
    AHUSHUAHSAUHSAUSHAUSHAUSAHUSASUAHSUHAS ...
    muito fodaaa *pagandopal*

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  9. Sensacional! Alguém descreveu como me sinto.. !!

    ahahahaa

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  10. Todos fúteis!
    Continuem com esse pensamento de porco!

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  11. Também acho o ônibus um bom lugar para pensar, mas o banho vence com larga diferença de pontos. Um lugar cheirosinho deixa os pensamentos (principalmente os felizes) fluírem, já perfume barato e suor só atrapalham.rs

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  12. O QUE LEVA UMA PESSOA BONITA FEITO VC ESCREVE SÓ BPBEIRA..DEVE SER FALTA DE DAR O CU NÉ?

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