sexta-feira, 20 de agosto de 2010

observe atentamente o vão entre o trem e a plataforma

Então, sexta-feira já é um dia meio caótico por natureza. Afinal, como não seria meio conturbado um dia em que as pessoas já acordam torcendo para que ele termine? Não que eu esteja pregando o carpe diem para cada outro diazinho ensolarado da semana, mas é que sexta-feira tem toda uma vibe que favorece né. Alcólatras só existem porque sexta-feira existe, QUER DIZER.
Talvez por todo o acúmulo de sentimentos que se concentre exatamente nesse dia meu analista tenha marcado nossas sessões para as noites de sexta-feira, pra eu terminar a semana de uma maneira toda especial (ou não).
Bom, seria ótimo se não fosse pelo fato de que essa aura introspectiva toda também favorece um engarrafamento do caralho (desculpa vó) pra chegar em qualquer lugar do rio de janeiro ou de qualquer outra cidade com mais de 10 milhões de habitantes ao redor do mundo nesse período lindo que dura tipos umas cinco horas mas que é chamado carinhosamente de "HORA" do rush. Hoje particularmente alguma nuvem negra se instalou sobre a cidade maravilhosa que nem a mulher do programa de rádio que eu normalmente ouço às sextas de 5 as 7 da noite (não vou dizer qual o programa porque não sou paga pra isso) conseguia chegar no estúdio pra gravar por causa do engarrafamento.
Mas tá, eu não quero nem falar de engarrafamento, só falei disso porque queria explicar o porque de eu pegar o metrô pra ir pra minha sessão de análise, e para o metrô que vai o holofote agora.
São umas 5 estações da minha casa até o analista ~ 5 estações que poderiam figurar o livro dos recordes em coisas estranhas ~ mas tá.
Eu não vou generalizar minhas viagens de metrô porque elas nunca são parecidas umas com as outras, sempre tem algo característico que merece ser registrado e comentado posteriormente mas que eu sempre esqueço de fazê-lo. Pois então, hoje eu lembrei.
Hoje eu acabei pegando o carro das mulheres, porque o metrô estava tão absurdamente cheio que quando eu ousei colocar o pé em um vagão uma moça delicadinha, de mais ou menos uns 4 metros e meio de altura, me olhou como se fosse fazer eu mergulhar no vão entre o trem e a plataforma pra eu morrer destroçada em mil pedacinhos caso eu respirasse o ar próximo à ela, o que fez eu sair correndo e entrar no vagão mais vazio que encontrei que, coincidentemente, era o vagão das mulheres.
Eu preciso fazer um adendo aqui de que eu NUNCA uso o vagão das mulheres, não apenas porque o cheiro de kolene (ou qualquer outro condicionador pra cabelo ruim de sua preferência) me irrita profundamente mas porque desde que eu li uma crônica do Lúcio Mauro Filho em que ele contava que tinha conhecido e se apaixonado pela mulher com a qual ele está casado atualmente numa viagem de metrô eu sempre entro no metrô com a expectativa de que um conto de fadas da baixada desse tipo aconteça comigo também (não na hora do rush claro) algo que vem me deixando cada vez mais frustrada já que as únicas pessoas que fazem contato visual comigo no metrô são aquelas com potencial de me transformar em Elisa Samúdio (desculpa elisa mas não sei como escreve seu nome e não vou colocar no google pq né, não vale a pena).
Bom, então hoje no vagão das mulheres foi uma experiência à parte e eu dei estrelinhas mentais pra diversos frames dignos de nota pra escolher os mais inúteis e sem sentido pra compartilhar aqui e não acrescentar nada na vida de ninguém:
Logo que eu entrei tinha uma mulher sentada no chão. Primeiro achei que era uma criança, depois achei que ela tava passando mal e cheguei pra longe com medo dela vomitar no meu sapato, mas acabou que ela era só esquisita mesmo, e possivelmente anã, mas não tenho certeza (aliás, ou toda a população anã do planeta curte frequentar metrô nas mesmas horas que eu, ou eu ando classificando pessoas que são só feias e baixas demais como anãs por todos os cantos).
Como eu estava em um ambiente todo novo, eu precisava de uma forma para classificar aquelas pessoas que iam dividir o vagão comigo pelas próximas estações, resolvi segregar pelo cabelo. Gente com cabelo bom (ou pelo menos com cabelo que não parecia ter sido cortado pelo edward mãos de tesoura e alisado na chapa de fazer pão com manteiga na padaria) ficava do lado direito, gente com o cabelo citado entre parênteses do lado esquerdo. Essa logística tem uma explicação: Pra quem conhece as linhas de metrô do rio de janeiro sabe que agora eles inventaram um metrô que vai de ipanema até sei lá onde e outro que vai de botafogo até a pavuna, quem pega o metrô por exemplo em copacabana e quer ir pra pavuna tem que descer em botafogo e esperar o metrô verde chegar > essas são as pessoas do lado esquerdo do metrô. Minha conclusão foi: gente com cabelo ruim desce em botafogo pelo lado esquerdo.
Outro adendo que preciso fazer é que entrou um homem no carro de mulheres, o que foi meio esquisito primeiro porque, bom, o objetivo todo do carro das mulheres é evitar que homens tarados se aproveitem da situação de gente esmagada pra vocês sabem o que né, depois porque dai uma mulher na minha frente começou a falar com ele e eu quero muito imaginar que ela ficou chamando ele de tarado porque eles começaram uma troca de palavras bem ríspidas e assim que a porta abriu o cara saiu do trem e mudou de vagão, mas eu nunca saberei porque eu estava com o ipod no ouvido e a única conversa que eu ouvi entre eles foi a que eu inventei na minha cabeça.
Bom, enfim, depois de estar confortável com os parâmetros que estabeleci pras pessoas ao meu redor eu reparei que estava perto de uma das pessoas que mais se aproxima de uma caricatura que eu já vi na vida. Eu diria que ela era uma espécie de hippie/feminista/desempregada com um cabelo que não se encaixava em nenhuma das minhas classificações, mas que poderia ser descrito apenas com a palavra "frizz", com muitas bolsas e mochilas penduradas no corpo, vários colares de concha, uma calça com a barra dobrada pra ficar bem linda pescando siri (estranhamente combinando com um all-star que parecia novo) e, obviamente, sem sutiã (ela provavelmente tinha passado em alguma praça pública e queimado todos os seus antes de ir dar uma volta de metrô TUM TUM TSS). Mas o mais esquisito é que ela estava com um bloquinho na mão e não parou de escrever um segundo desde que eu entrei no trem até ela sair uma estação antes de mim. Eu fiquei achando que era alguma espécie de diário e toda vez que eu lançava um olhar pra tentar ver o que ela estava escrevendo ela me encarava e depois voltava e escrevia alguma coisa. Queria saber se ela escreveu que eu estava usando um brinco diferente do outro, ou se ela me colocou em alguma categoria de cabelo, coisas desse tipo, mas dai ela foi embora com o bloquinho e são grandes as chances de eu nunca mais ver essa pessoa de novo na vida e nunca saberei o que estava no bloquinho.
Certo, eu não tenho nenhuma moral de história, e isso aqui nem vai ter um desfecho interessante. Eu acho que até tinha pensado em algo digno de ser escrito enquanto estava de fato no metrô mas dai eu fui pra análise e foram muitos choques de realidade pra eu conseguir sair do estado Marlon Brando pra lembrar qualquer coisa útil pra escrever. Esse post foi mais pra deixar a dica pra alguém vir fazer comigo o musical da cinderella do metrô e fazer um approach naqueles banquinhos brancos cheios de bolinhas dos carros novos do metrô muito românticos e começar um bad romance pra um dia eu poder dizer que valeu a pena fazer análise as sextas-feiras e talvez nessa época alguém ache legal que eu escreva uma crônica pra algum jornal que ninguém lê pra contar essa historia de amor (que nunca vai acontecer) e encorajar um monte de garotas de todo o brasil a se iludir achando que vão encontrar um marido no metrô/ônibus/outros meios de transporte coletivo OLHA QUE VIBE.
p.s.: gente não me culpa se isso não fez sentido que meu analista falou que eu tenho que falar sem pensar e falar o que eu quiser que é assim que eu descubro os nuances dos meus pensamentos OLHA QUE LOKO, então é isso beijos

8 comentários:

  1. Quando eu li o título, eu inevitávelmente lembrei de um amigo(unhum!)que não observou o espaço entre o trem e a plataforma, e literalmente enfiou seu pé no espaço, e caiu lindamente se esborrachando no chão fazendo a alegria de todos os passageiros.

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  2. Ahh finalmente outro post!XD escreva + seguido,esses posts fazem minha felicidade!..me idefico mega e..chegaa kd meu nome???pl

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  3. Como assim essa pessoa anônima tem O BLOCO?..tipo, ela tem um bloqinho q ela escreve initerruptamente q nem a loka do metrô??

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  4. *bloquinho *ininterruptamente
    /me bêbada X)

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  5. Nem lembro como cheguei nesse blogue, fui clicando nuns links da vida pelo twitter e parei aqui e é inacreditável a forma como me identifiquei com vc, com o fato de durante mt tempo eu fazer análise sexta de tarde a 5 estações de metrô da minha casa e todas as formas de classificação das pessoas...
    mt mt mt bom! adorei! e ri um bocado!

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  6. o rio de janeiro não tem mais de 10 milhões de habitantes.

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  7. o bbk consegue tecer um comentario sobre a coisa mais inutil do post: 10 milhões de habitantes. PARABENS AMG!

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