domingo, 9 de maio de 2010

DJ, coloca ai Roberto Carlos pra tocar!

Hoje é dia das mães então eu devo a vocês todos um pouco da minha sinceridade (mesmo que nem minha própria mãe leia isso quanto mais a de mais alguém) e quando eu digo sinceridade significa que eu vou parar de usar o humor como escudo e expor esse coraçãozinho cheio de buraquinhos aqui pra todo mundo se sensibilizar e me dar presentes melhores ano que vem no meu aniversário.
Bom, vai parecer um pouco de hipocrisia eu começar a falar aqui que minha mãe é a melhor mãe do mundo e tal depois do tanto que eu já disse por ai que claramente mostra que essa não é minha opinião durante todos os dias do ano certo? quase como aquela coisa odiável que as pessoas fazem depois que alguém morre e que o indivíduo póstumo vira quase um santo, sendo que né...
então, eu não vou canonizar minha mãe só porque é dia das mães nem nada disso, mas tá incontrolável o espírito quase que natalino que me invadiu hoje pra eu fazer um post envolto em energia negativa, que normalmente é o que as pessoas esperam de mim.
Porém, ao invés de também falar um monte de mentiras que me façam parecer uma pessoa legal eu vou contar as coisas que eu lembro e que me fizeram derramar algumas lágrimas hoje quando dei a mão pra minha mãe no carro enquanto ela me trazia de volta pra casa do meu pai (sem ela ver claro porque eu ainda tenho uma imagem bad ass a zelar).
Bom, quando eu era pequena minha avó morava numa cobertura em copacabana que tinha um terraço enorme e, sendo aquela uma época em que ainda se podiam ver estrelas no céu do rio de janeiro, eu e minha mãe deitávamos numas almofadas gigantes (ou que pareciam gigantes sendo eu tão pequena) e ela cantava aquela música da estrela dalva pra mim enquanto eu comia tomate com sal e ficava tentando decorar a letra pra cantar sozinha quando eu estivesse na casa do meu pai e ela não estivesse lá comigo. É que quando eu era pequena eu odiava tanto ir pra casa do meu pai que a única frase que me impedia de ter uma crise convulsiva às sextas-feiras quando meu pai me colocava debaixo do braço que nem um porquinho e me levava embora com ele era "eu vou pra disney e vou ser muito feliz" o que pode parecer meio sem sentido, mas é o que minha mãe dizia pra eu pensar sempre que chegava a fatídica hora da separação e já que nossa viagem pra disney estava marcada tipos desde o dia que eu nasci e como, obviamente, não tem como não ser feliz na disney, algo compreensível até para um ser anencéfalo.
Mas o fato de não gostar de ir pra casa do meu pai não é o suficiente pra mostrar que minha mãe não é o monstro bipolar que eu às vezes (quase sempre) gosto de pintar. Afinal, foi com ela que eu aprendi a ser esse exemplo de ser humano que eu sou hoje. Minha mãe não só via pequena sereia em loop infinito comigo sem reclamar como também me deixava ver o predador e edward mãos de tesoura ~ além de todos os filmes do van damme ~ com ela, mesmo muitas pessoas achando que isso poderia causar algum distúrbio na minha personalidade (*PFFF*), permitindo que eu desenvolvesse todo um amor por Johnny Deep e um gosto duvidoso para homens desde a minha pré-história. Quando eu chegava em casa da escola com meu pacotinho de bala juquinha ela roubava o saquinho da minha mão e saía correndo pra se trancar no banheiro e comer tudo sozinha enquanto eu chorava e tentava inutilmente derrubar a porta, o que fez com que eu desenvolvesse uma dependência sobrehumana por açúcar e com que ela gastasse muito dinheiro com meus dentistas. Minha mãe me traumatizou com purê de batata e carne moída, algo que eu tenho receio de comer até hoje, em função de suas vastas habilidades culinárias, e o que fez com que meu conceito de fazer supermercado se resuma somente às alas de biscoitos e congelados, algo que eu pretendo passar para os meus filhos caso eu não case com um jamie oliver da vida. Minha mãe me viciou em caqui, me apresentou The carpenters, me ajudou a picar papel pra jogar pela janela na copa do mundo, criou fantasias de halloween pra mim mesmo não sabendo costurar, passou incontáveis fins de semana em casa comigo assistindo friends e comendo chocolate, lambia meu nariz quando eu tava triste e me dava craniadas quando ficava com raiva mas não queria brigar comigo, corria em volta da mesa atrás de mim com o chinelo na mão pra eu tomar remédio ruim, escutou meus resumos na véspera de provas e todas as vezes me deixou desesperada falando que eu não sabia nada da matéria, conversou comigo sobre as difereneças entre os tamanhos dos pintos de preto e de japonês antes mesmo de eu saber o que era um pinto, chamava mosquinha de fruta de drosophila melanogaster, me fazia chupar aquelas florzinhas vermelhas de jardim pra provar o néctar, fingiu que não gostou quando eu levei cachorro pra casa (nas duas vezes) e depois se apaixonou por eles e hoje é dificil fazer ela parar de correr com eles em volta da mesa, patinou no gelo comigo em nova york mesmo com medo de cair e passar vergonha internacional, aguentou meu mau humor todos os dias de manhã durante dezenove anos e, principalmente, me proporcionou tantos momentos dignos de um aneurisma ou de um derrame que me permitiram criar essa técnica incrível de transformar brainwreck facts em histórias escala 10 de risos que são ótimas pra fazer com que as pessoas acreditem na minha sanidade mental.
Enfim, isso não é hipocrisia, são fatos que eu vou guardar pra sempre comigo e que a cada dia se renovam, mesmo por cima das brigas de duas pessoas de signo de fogo e gênio forte que adoram dizer que não levam desaforo pra casa e preferem chorar sozinhas trancadas no banheiro pra não dizer que estão com saudades.
Bom, eu devia esse pouco de sinceridade pra mim mesma, porque eu tenho medo de me deixar esquecer de algumas coisas e ficar pensando só no lado ruim. Talvez isso só signifique que eu esteja na tpm e essa vibe de dia das mães tenha me deixado um pouco vulnerável às minhas próprias lembranças, mas tmabém pode significar que eu estou amadurecendo, tento sempre contar com essa possibilidade...

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