quinta-feira, 18 de março de 2010

"Once you kill a cow, you gotta make a burger!"

Quando eu era pequena, tipo assim com uns 11 ou 12 anos eu dizia com a maior convicção que ia ser advogada! Pra todo mundo que me perguntava eu falava que ia entrar pra melhor das faculdades de direito, ia fazer a tal prova da OAB que eu mal sabia o que era "e aí, quem sabe, talvez eu faça um concurso público pra virar uma juíza rica e famosa ou talvez faça aquela prova da rio branco (que eu também não fazia a menor idéia do que se tratava) e vire diplomata né?" eu dizia, naquele tom bem blasé de quem sabe do que está falando. Quem visse de fora até acreditava que eu era uma daquelas pessoas super bem resolvidas e determinadas que segue os sonhos de infância e depois tem um bom exemplo de equilíbrio e sabedoria pra dar aos filhos. Mas que ilusão a dessas pessoas...
Bem, logo depois dessa fase eu comecei meu primeiro curso de teatro, na escola, uma coisa bem básica e sem compromisso, mas que foi o suficiente pra fazer com que eu me apaixonasse perdidamente por essa arte! Pronto, a partir de então as terças e quintas, que eram os dias do curso, se tornaram meus dias da semana preferidos e eu decidi que ia fazer uma faculdade de artes cênicas porque era aquilo que eu queria fazer pro resto da minha vida.
Esse sonho perpetuou até eu compartilhá-lo com minha mãe, que deve ter ficado horrorizada com a idéia de ver sua única filha perdida no mundo instável do teatro, sobrevivendo apenas com o dinheiro que iria ganhar fazendo peças infantis cujo papel só conseguiria depois de passar pelo famoso teste do sofá, e rapidamente arrumou um jeito de me tirar do curso de teatro, e eu, como uma pobre criança indefesa, não pude fazer nada para lutar contra as forças maiores que queriam que eu me concentrasse na matemática (sempre uma perturbação) e deixei aquele sonho desaparecer...
Comecei, então, a crescer e perceber que as pessoas escolhiam suas profissões baseadas nas coisas em que se destacavam. Certo, e eu era boa em quê? Eu até jogava vôlei direitinho, mas não tinha disciplina o suficiente pra sequer cogitar a possibilidade de sonhar em fazer isso da minha vida! Eu falava bem inglês, podia fazer alguma coisa fora do país, mas e daí? A questão não era aonde, mas sim O QUE eu ia fazer! Eu não era boa em mais nada, eu nunca repeti de ano, nem fiquei de recuperação na minha vida escolar, o que não fazia de mim uma aluna exatamente ruim, mas também não havia ninguém querendo me dar estrelas de ouro ou menções honrosas pra eu emoldurar e pendurar na parede do meu quarto! O que então eu poderia fazer sem me tornar um total e completo desastre ambulante?
De repente, como num lampejo de sabedoria eu lembrei: "poxa, eu gosto muito de ler e escrever, eu podia fazer alguma coisa que tivesse a ver com isso...(CLIC)"
E foi então que eu voltei a falar pras pessoas que iria fazer direito enquanto, secretamente, bolava planos mirabolantes para fazer jornalismo, algo que eu sabia que iria ser largamente menosprezado na minha família (e quando eu falo família, digo minha mãe) megalomaníaca e, portanto, guardava pra mim com medo de alguém estragar meus valiosos planos. Porque, obviamente, a coisa não se limitava a simplesmente trabalhar em um jornal e escrever colunas espirituosas! Eu queria era ser algo tipo Carrie Bradshaw em sex and the city, escrever vários livros e morar em new york, como numa música do Frank Sinatra!
Enfim, de repente, e não mais que de repente, eu me vejo prestando vestibular pra medicina com uma determinação que nem eu sabia que tinha! oi? alguém me fala como esse flash forward aconteceu? pulei um pedaço da história?
Não.. um dia simplesmente acordei e falei! "cara, o que eu tô fazendo? eu quero fazer essas coisas que eles fazem em House e Grey's anatomy (sempre vivi bem na realidade né?)! É isso que eu tenho que fazer da minha vida!" e pronto, foi o suficiente! nada mais me tirava da cabeça que eu ia sair por aí um dia andando com meu jaleco branco e estetoscópio pendurado no pescoço, abrindo a barriga das pessoas e recebendo goiabada caseira como gratidão por ter salvo a vida de alguém!
Vocês vão achar que esse foi mais um passo fail da minha mente adolescente e confusa, certo? bom, pode até ter sido, não posso dizer ao certo porque minha história está longe de acabar, mas agora eu estou aqui, no terceiro período da faculdade de medicina, sem conseguir enxergar como algum dia eu posso ter pensado em fazer qualquer outra coisa! Eu (finalmente!) me encontrei! (segurem as lágrimas)
Alguns vêm e me perguntam se não me arrependo de não ter continuado no teatro, se não teria sido mais feliz fazendo isso.. porque sim, eu continuo sendo apaixonada por teatro! Logo antes de entrar na faculdade voltei pro curso e toda aquela paixão voltou com a mesma intensidade! mas vi essa paixão de uma forma diferente ante a perspectiva de ser médica.. vi o teatro como um hobby -como eu precisava conhecer essa palavra- e isso me satisfez!
É que as pessoas têm uma idéia de que quem faz medicina não tem vida além dos livros. Mas isso está tão aquém da verdade que nem me dou ao trabalho de discutir come essas pessoas! Eu continuo saindo nos fins de semana, vendo meus amigos antigos de escola, lendo meus livros que nada tem a ver com medicina, escrevendo minhas histórias malucas (óbvio que nessa onda de querer fazer tudo fui obrigada a começar a fazer terapia também, mas isso não vem ao caso)..
Enfim, agora então, que a cada dia mais eu fico mais segura da escolha que eu fiz, penso ainda em fazer mais coisas.. minhas metas para 2010 são (além de estudar, que infelizmente é, sim, necessário): aprender a falar francês, começar um curso de fotografia, tirar minha carteira de motorista, fazer valer o dinheiro que eu pago na academia, e por aí vai... pode parecer utopia da minha parte, mas eu não me importo nem um pouco de sonhar minha vida afora.. not AT ALL!
Queria que as pessoas aprendessem a levar a vida um pouco menos a sério e se permitissem fazer as coisas que têm vontade! Eu me permito mudar de idéia o tempo todo! Talvez isso que eu contei possa até provar que decisão definitivamente não é uma palavra no meu vocabulário, mas isso não é nem um terço da missa!
Então vamos ser um pouco mais leves galere! Vamos deixar essa coisa pesada e carregada que vem com a palavra "obrigação" um pouco de lado e nos dedicar às coisas que gostamos de fazer, mesmo que seja apenas ficar em casa comendo sorvete e assistindo todas as temporadas de friends pela milésima vez ou fazer aquele hobby que você não consegue viver sem, ou uma festa que você esperou o ano inteiro e cai bem na véspera da sua prova mais difícil, ou mesmo a carreira que escolheu pro resto da vida! O mundo vai acabar gente, 2012 ta aí (não, eu não acredito nisso) mas ia ser bom pra algumas pessoas acreditarem! Que todos acreditem que só têm mais dois anos pra fazer as coisas e aí talvez parem de me criticar por querer dormir no fim de semana... sei lá, achei que eu tinha uma moral pra escrever aqui no fim, mas me desconcentrei vendo essa novela das nove que não podia ser pior e perdi o fio do raciocínio.. volte ao título do post e reflita! tente enxergar a relação com isso que eu escrevi aqui..

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Adorei! Tô na mesma situação: tô no 5º período de medicina, caí no curso de pára-quedas após querer fazer algo relacionado à Literatura ou Engenharia [!], mas hoje em dia adoro. Só não tô igual ainda na parte das obrigações, ainda me cobro muito e às vezes resumo minha vida a Guytons, Robbins, Harrisons, Sabistons e afins =~ Mas é minha meta para este ano! =*

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  3. "... foi então que eu voltei a falar pras pessoas que iria fazer direito enquanto, secretamente, bolava planos mirabolantes para fazer jornalismo, algo que eu sabia que iria ser largamente menosprezado na minha família!!!!!"
    Meu deus, eu estou me vendo nessas palavras, eu faço a mesma coisa!

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  4. bom saber que tem gente que não pensa que o outro tem de ser coerente o tempo todo :)

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