Mas,
então, acabou. Acabou o amor e o coração continuou batendo, batendo forte,
socando o peito, estourando os ossos, roubando o ar. Fui fazer exames. Deixei
que um médico de cabeça branca e cintura larga escutasse o meu coração.
“Está
batendo tum-tá?”, perguntei.
“Está.
Ouça.”, ele aumentou o volume do monitor e eu ouvi: tum, e, depois de um tempo:
tá.
Parecia
estar tudo bem.
“Mas
esse tum não está muito longe do tá?”, duvidei.
“Está
normal.”, disse o médico.
“Mas
não está demorando demais?”, insisti.
“Você
faz exercícios?”, o médico perguntou.
“Não.”
“Bom,
de qualquer forma, isso não tem muita importância.”
“Ia
bater mais rápido se eu fizesse exercícios?”
“Não,
mais devagar.”, o médico respondeu com um olhar confuso.
No
ínterim da consulta, meu coração sapateava com violência, agora certamente quebrou
uma costela, pensei. Com discrição, encostei a mão na lateral do corpo e
examinei a contiguidade de cada osso, inteiro, inteiro, inteiro, inteiro,
inteiro, inteiro, inteiro, senti sete costelas inteiras, percebi o coração
fibrilando de leve, como se caçoando da minha ingenuidade. Expliquei ao médico
como me atrapalhava para dormir, o coração.
“Não
é a cabeça?”, perguntou o médico.
Encarei
o homem com perplexidade, a cabeça, não, não era a cabeça, eu sinto o coração
bater, ouço o barulho do coração a noite inteira, deve estar dilatado,
estourado, arrebentado, não é na cabeça que ele bate, é no peito, no tórax, se
o senhor quiser o nome correto, está batendo agora, como pode ouvir, e à noite
bate ainda mais forte. Fui para casa.
Passou
um mês e resolvi amar de novo, e o coração não parou nem por um segundo, bateu
forte como no primeiro amor, talvez mais, visto a fragilidade que ganhou nas
paredes após tantas batidas, meu coração não discriminou um amor do outro, não
separou nem mesmo o amor da falta dele, continuou batendo descontrolado como um
órgão degenerado, ou cronicamente insuficiente, ou de um paciente infartado,
diriam os românticos que bate como se amasse a todo tempo, mas o médico estava
certo, afinal, é na cabeça. Não, o coração bate incoerentemente forte no peito
mesmo, mas o amor, este é só na cabeça.
Muito bom. Amar é muito bom e sem amor, a vida é vazia. Ame e ame cada vez mais que seu coração não é de papel. Parabéns!
ResponderExcluirSe vc tem a idade que diz que tem, temos a mesma idade. Se vc não tem a idade que diz que tem, eu tenho a idade que vc diz que tem. Logo, tenho um amor muitoi grande em meu coração que faz da minha vida, uma vida muito vida e esse amor é o que faz encontrar o amor. Tenho amor por mim, gosto de mim. Gostando de mim, me acho linda e perfeita, mesmo que os outros não me achem. Não me importo com a opinião dos outros. Gostando de mim, aproveito para me amar e ser amada. Vc é assim? Parece que sim e se não for, procure ser. Ser linda e poderosa, também está na cabeça e no coração. Vc é inspirada por tudo que escreve e por isso, sigo seus artigos e tiro muito deles. Continue e se ame, se ame muito e sempre a felicidade estará em sua cabeça e em seu coração.
ResponderExcluirEu queria saber escrever assim. ♥
ResponderExcluirPerfeito.
E quando a gente se apaixona por um cantinho e não quer mais sair?!
ResponderExcluirAdorei o seu cantinho!!!!
Voltarei sempre!!!!
Beijos!!!
é só na cabeça? e como se tira um amor da cabeça?
ResponderExcluirvocê é a melhor pessoa da internet (espero que leia isso)
ResponderExcluirPor favor, nunca pare de escrever!
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