sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quotando Narcisa: Ai que absurdo!

Um dia desses eu estava sentada no sofá da sala assistindo big brother na companhia da minha mãe, coisa muito rara de acontecer não só pelos nossos horários incompatíveis mas principalmente pela nossa divergência de opiniões quanto ao que é certo e errado nesse programa. Sim, eu compro briga por causa de big brother e não tenho vergonha de admitir.
Enfim, com todos os barracos que vêm acontecendo do outro lado da telinha as coisas aqui em casa não têm estado muito diferentes. Nesse dia, no entanto, a prova do líder, ou algo assim, nos uniu na frente da tv.
Tudo estava incomumente calmo, exceto por um ou outro comentários como " Mas essa Lia é chata mesmo.." ou " Essa Fernanda só chora!" ninguém nem diria que estávamos assistindo o mesmo programa de sempre. Tudo bem calmo até o momento em que minha mãe abriu a boca e falou: " Até que essa Angélica é bonita..." um comentário inocente, é o que qualquer pessoa diria. Eu mesma, envolvida na aura leve do momento, me deixei enganar e dei continuidade à conversa "É, acho até que ela é uma das mais bonitas da casa, se não fosse pelo bigodjeenho! (risos)" pronto, foi o suficiente para a conversa tomar as rédeas erradas.
Minha mãe deu mais uma olhada pro close no rosto da menina (provavelmente reparando no bigodinho que eu tinha mencionado) e concluiu seu raciocínio "... mas ela se estraga com esse negócio de ser sapatão! Não tinha necessidade né?"
Custei a fechar a boca. Demorei tanto que foi como se eu estivesse concordando, incentivando-a a falar mais " Acho que o Dourado que está certo! É o único com alguma coisa na cabeça aí dentro! Daqui a pouco vai ser obrigado a ser gay pra entrar nesse programa! Ridículo!"
Essa última palavra veio tão carregada que eu me senti envergonhada por estar ali ao lado dela. Certo, que pessoa horrível eu sou pra sentir vergonha da própria mãe? Eu respondo, sou uma pessoa que não tem vergonha de ter príncipios, só isso. Que não tem vergonha de dizer que aprende coisas vendo big brother e que gosta de conversar com pessoas que nem conhece, mas que dividem uma mesma opinião. Que não hesita em defender as coisas nas quais acredita, por mais que para isso tenha que ir contra os ideais daqueles que ama e respeita. Alguns podem dizer que isso é burrice minha, que é infantilidade, então elas que venham até mim e me mostrem um jeito coerente de agir e pensar, um jeito que me convença. Porque, até alguém me convecer do contrário, eu não sei ser de outro jeito, e como na hora a única coisa que eu consegui dizer ante tudo isso foi "Por mim o Dourado podia morrer." eu deixo as palavras escritas serem minha fuga, até diria um desabafo, mas muitos já usaram essa palavra pra expressar seu descontentamento com o comportamento do Dourado internet afora e eu preferia não repeti-la.
Eu realmente não gostaria de viver em um mundo cercado de preconceito desse jeito. Preconceito que mora comigo, que entra na minha casa por todos os meios de comunicação e que é impossível ignorar.
Eu posso estar exagerando, escrevendo demais. Provavelmente ninguém nem vai ler isso tudo. Mas tudo bem, eu não me importo. Estou escrevendo isso pra mim mesma antes de qualquer coisa, pra eu não me esquecer disso, não posso permitir que eu esqueça isso.
Assim como me senti depois de ver o filme Milk (quem não sabe qual é procure no google ou vá até uma locadora, porque vale a pena), um filme que definitivamente me deu uma nova perspectiva sobre diversos assuntos (além de apenas homossexualidade) eu me sinto agora, lendo diversos textos sinceros sobre essa apologia que a maior emissora de televisão brasileira está fazendo à homofobia enquanto nós, ingênuos, acreditamos que era o contrário. Me sinto incapaz. Essa é a palavra. Sinto como se tudo fosse insuficiente pra lutar contra essa maré forte de preconceito que parece nunca se dissipar.
Bom, eu não vou mudar de idéia. Me recuso a aceitar um país que queira o Dourado como campeão de um programa de popularidade. Isso é errado de tantas formas diferentes que me faltam palavras pra continuar a escrever...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Pé preto

Parei de comer pringles por alguns instantes para admirar meus pés. Meus pés pretos, eu quis dizer. Não sei se isso serve exatamente como conteúdo para escrever alguma coisa, mas ele estão tão pretos, mas tão pretos que eu me senti obrigada a falar alguma coisa e, como estou sozinha em casa, não tem ninguém aqui para quem eu possa virar e dizer: "nossa! olha a cor do meu pé! toca nele! eca, não era pra tocar de verdade!" ou alguma coisa do tipo como normalmente faço quando me deparo com coisas nojentas desse tipo.
Não que eu realmente acho que meu pé está nojento (nojento é uma palavra muito forte, só a uso em ocasiões muito especiais), mas a verdade é que ninguém acha nada que vem de si próprio nojento!
Se você parar pra pensar, ninguém vê problema nenhum em soltar um punzinho quando ninguém está por perto. A pessoa fica lá, parada, tranquila, no meio da fumaça verde tóxica que, certamente, se formaria em volta dela se ela vivesse em um desenho animado, e não se incomoda AT ALL com aquilo, nem que o odor se compare ao de um milhão de esgotos, pois, afinal, é seu, e tudo o que é seu, é bom (ou não, mas isso já é outra discussão...)
Agora, experimenta soltar esse mesmo punzinho inocente dentro de um elevador cheio de outras pessoas soltadoras de punzinhos inocentes na privacidade de suas solidões particulares, SÓ EXPERIMENTA pra ver se você não vai ser a pessoa mais hostilizada na face da terra!
Com isso eu não estou querendo dizer que já cometi tal desacato ao nariz alheio, mas falo porque já lancei olhares malignos para suspeitos de impregnar o ar que eu respiro. olhares de repressão, de ódio até.
Só que agora, olhando meu singelo pé preto, tão alheio aos olhares maliciosos do universo, não consigo entender o porque de toda essa aversão ao que vem do outro. Porque as pessoas não podem conviver pacificamente com os puns e pés pretos uns dos outros sem que isso se torne um motivo para caretas e términos de namoro? (porque não?) Acho que esse é mais um dos mistérios da humanidade mesmo! e quem sou eu para saber alguma coisa? eu to com o pé preto, pelo amor de deus.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Barrinha de cereal

Eu queria começar esse blog falando de alguma coisa relevantes, fazendo alguma crítica construtiva pra jogar na internet e mudar algo por aí ou, no mínimo, escrever algum comentário espirituoso sobre os infortúnios do carnaval.
Cheguei até a escrever uma ou duas linhas sobre como o carnaval consegue me deixar tão entediada a ponto de me fazer criar um blog e coisa e tal, porém me senti obrigada a deletar essas palavras pouco sinceras. O assunto simplesmente não estava fluindo com a clareza necessária para ser digno de ser publicado e mostrado para outro ser humano.
Tentei procurar na minha tão adorada internet algo que pudesse servir como catalisador; até olhei no dicionário em busca do significado que aurélio querido dá à carnaval para ver se servia como um bom começo para essa primeira publicação, porém "os três dias de folia que precedem a quarta-feira de cinzas" não me pareceu algo muito inspirador ( sim, isso é tudo o que minha velha e gasta edição do pai dos burros me diz sobre o carnaval).
Decidi então parar de me enganar. Carnaval é um assunto tão monótono pra mim que eu sequer consigo tecer um comentário em 140 caracteres sobre as fantasias da ala das baianas, quem dirá dissertar algo com um mínimo de substrato dentro desse tópico.
Com essa decisão, resolvi escrever sobre a única coisa que eu consigo pensar nesse momento: barrinhas de cereal.
Talvez essa coisa louca de barrinhas de cereal saltitantes dominando meus pensamentos seja porque eu devo ter comido umas 7 delas nas últimas duas horas e tá batendo um peso na consciência absurdo (porque se somar as calorias delas todas, não quero nem pensar...), ou talvez seja só mais um desvio sem sentido da minha mente desocupada.
De qualquer forma, de uma forma bem menos darwiniana do que eu gostaria, fiquei aqui pensando na evolução das barrinhas de cereal. Sabe porquê?? Eu me lembro da época em que só existiam uns poucos sabores disponíveis nas lojas americanas. Elas eram aquela coisa sem graça que só mulher esquelética e obcecada por dieta comia, ou então era mostrada pelos nutricionistas como uma opção saudável e light de lanchinhos que se parecia (remotamente, devo acrescentar) com os doces super calóricos que os gordinhos tensos estavam acostumados a ingerir, daonde se conclui que ninguém nem pensava em comê-las. Afinal, nada que o nutricionista recomenda entra na lista de supermercado depois que você desiste da dieta.
Enfim, hoje eu comi uma barrinha de laranja com chocolate, outra de morango com chocolate, outra de damasco, outra de mousse de chocolate, outra de pavê de chocolate, outra de torta de maçã,outra de banana com uns pedacinhos de sei lá o que muito bons, outra de.. ahn, o que eu quero dizer é: quando foi que aconteceu essa revolução no mundo das barrinhas de cereal que fizeram elas entrarem nas nossas vidas e deixarem de ser a última opção de lanchinhos para se tornar uma iguaria com sabores supersofisticados que podem servir até como refeições para algumas pessoas? (quer dizer, essa parte é mais comigo mesmo... não recomendo que façam isso em casa!) Juro que eu fico curiosa para conhecer o gênio por trás dessas mini delicinhas que conquistaram meu coração. Ok, talvez gênio não seja a melhor palavra para descrever o criador das barrinhas de cereal, mas ele certamente é um cara muito inteligente. Eu confesso que nunca teria pensado em criar algo gostoso de comer, fácil de carregar e com poucas calorias numa tacada só, e se você falar que podia ter pensado nisso aposto que está mentindo. As coisas mais óbvias são as mais difíceis de enxergar. Pronto, gastei minha frase de efeito em barrinhas de cereal, preciso mais do quê?